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OPERAÇÃO VAMPIRO
Relatório cita cooptação de servidores e ação de lobistas
Vampiros reeditam métodos do "esquema PC Farias", diz PF
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatório da equipe de inteligência da Polícia Federal, que
consolida investigação relacionada à Operação Vampiro, caracteriza o grupo que fraudou compras
no Ministério da Saúde como "organização criminosa" e descreve
em quatro itens o "esquema" de
atuação de seus integrantes, em
parte "remanescentes do denominado esquema PC Farias"
-alusão à rede de desvio de dinheiro público e corrupção comandada pelo empresário Paulo
César Farias, morto em 1996.
As conversas telefônicas gravadas pela PF, cujas transcrições a
Folha obteve cópias, fazem parte
de um relatório de 330 páginas
elaborado pela equipe de inteligência do órgão. O documento
sustentou o pedido de prisão, de
indisponibilidade de bens e quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico de 17 lobistas, empresários e servidores acusados de comandar um esquema de fraudes
nas compras de medicamentos
do Ministério da Saúde.
O grupo, em cuja atuação a PF
identificou indícios de "peculato,
corrupção, tráfico de influência,
formação de quadrilha ou bando
e lavagem de dinheiro", funcionaria utilizando os mesmos métodos do passado. O esquema seria
assim, de acordo com o relatório
da PF:
1. "Funcionários públicos do
Ministério da Saúde, cooptados
pela quadrilha, são designados
para assumir determinados cargos estratégicos, que têm entre
suas atribuições realizar procedimento de compra, bem como fiscalizar as empresas e o produto
colocado no mercado brasileiro."
2. "Representantes das empresas que vendem hemoderivados
(licitantes) fixam artificialmente o
preço, bem como oferecem dinheiro, por meio de lobistas, aos
funcionários públicos e políticos,
para agenciar interesses. Por
exemplo: fraudar licitações públicas para aquisição de hemoderivados, liberar o produto para venda no mercado."
3. "Lobistas, ligados a políticos
influentes, intermedeiam, mediante propina aos funcionários
públicos e políticos, interesses das
empresas licitantes junto ao Ministério da Saúde."
4. "Políticos realizam ingerência
dentro do Ministério da Saúde,
defendendo interesses das empresas licitantes e indicando nomes para cargos estratégicos."
Na Operação Vampiro, a PF investiga pelo menos dois personagens do esquema PC Farias.
Lourenço Rommel Peixoto, hoje vice-presidente do "Jornal de
Brasília", no início dos anos 90 foi
assessor da presidência da Ceme
(Central de Medicamentos), órgão que controlava as compras do
Ministério da Saúde. Foi indiciado pela PF e depois condenado
pela Justiça por integrar "quadrilha responsável por exigir propinas de fornecedores da Ceme".
Entre os fornecedores estava
Jaisler Jabour de Alvarenga
-preso pela Operação Vampiro,
juntamente com Peixoto. À época
dono do laboratório Lessel, em
depoimento à PF, ele disse ter sido
constrangido a pagar US$ 40 mil
em propina para garantir que os
interesses de sua empresa fossem
contemplados pela Ceme.
Prisões
O empresário Marcos Chain foi
libertado na madrugada de ontem, após passar cinco dias preso
na PF em Brasília. Na semana passada, outros 11 detidos pela Operação Vampiro já haviam sido liberados.
Por ter colaborado com as investigações, revelando detalhes
sobre o modo de atuação do grupo, a PF julgou que não era mais
necessário manter Chain preso e
não pediu a prorrogação de sua
prisão temporária.
Colaborou IURI DANTAS, da Sucursal de
Brasília
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