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Ex-embaixadora levou Kroll ao Planalto
Donna Hrinak, dos EUA, intermediou encontros do fundador da empresa de espionagem com Thomaz Bastos e Dirceu
Assessoria do Ministério da
Justiça confirmou a reunião
com executivo; segundo a pasta, foi discutida a ação
da PF contra a companhia
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pouco tempo depois de deixar a diplomacia americana, a
ex-embaixadora dos Estados
Unidos no Brasil Donna Hrinak intermediou encontros entre executivos da Kroll e autoridades brasileiras.
No final de 2004, Hrinak levou Jules Kroll, fundador da
empresa de espionagem, a um
encontro com os ministros
Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e José Dirceu (Casa Civil)
no Palácio do Planalto. A ex-embaixadora teria apresentado
também o ex-diretor da Kroll
Frank Holder ao senador Romeu Tuma (PFL-SP).
Hrinak se aposentou em junho de 2004. Em setembro daquele ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Chacal, tendo a Kroll como alvo por ter investigado autoridades brasileiras supostamente a mando do
Opportunity, de Daniel Dantas.
Ao deixar a embaixada, Hrinak se tornou alta executiva da
empresa Steel Hector & Davis,
especializada em aproximar a
iniciativa privada de governos.
A Steel Hector havia sido contratada pela Kroll. Pouco tempo após a Operação Chacal ter
sido veiculada na imprensa,
Hrinak levou Jules a Thomaz
Bastos e Dirceu.
A assessoria do Ministério da
Justiça confirmou a reunião.
Informou que Jules deu sua visão sobre o caso e reclamou da
ação da PF contra sua empresa,
a qual considerou inapropriada. De acordo com o ministério,
Bastos teria dito a Jules para
que ele entrasse com uma representação contra o governo
caso se sentisse prejudicado.
Romeu Tuma também confirmou ter sido procurado, em
seu gabinete no Congresso, por
Hrinak, acompanhada de
Frank Holder. Segundo o senador, ela pedira para que ouvisse
as explicações de Holder sobre
as ações da Kroll no país. Holder teria lhe dito que a Kroll
não teria investigado autoridades brasileiras.
Contradição
A reportagem entrou em
contato por telefone com
Hrinak, nos EUA, duas vezes.
Na primeira, perguntou se ela
teria levado Holder ao gabinete
de Tuma e a Thomaz Bastos.
Ela negou as duas coisas.
Disse que nunca tivera contato com Holder no Brasil, que
apenas o havia encontrado
duas vezes em seminários nos
Estados Unidos. Nada mencionou sobre o encontro entre Jules Kroll, Thomaz Bastos e Dirceu no Planalto.
A Folha voltou ao senador,
dizendo que Hrinak havia negado o encontro em seu gabinete na companhia de Holder.
Ele reafirmou o que dissera e
acrescentou que tinha uma testemunha, o delegado da PF
aposentado Marco Antonio
Cavaleiro. "Eu a recebi com
muito prazer, tenho muito respeito por ela. Não sei por que
ela está negando, o encontro
não era segredo nem reservado", disse Tuma.
Na segunda ligação a Hrinak,
a reportagem lhe informou que
a assessoria do Ministério da
Justiça confirmara o encontro
dela com Thomaz Bastos e Dirceu, mas não na companhia de
Holder e sim na de Jules Kroll.
Ela confirmou, então, a reunião, mas continuou negando o
encontro com Holder e Tuma.
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