|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Procurador quer investigar 15 congressistas por fraude
Antonio Fernando pediu abertura de inquérito ao STF, mas não revelou alvos
Um senador e 62 deputados tiveram seus nomes citados em investigação da Polícia Federal sobre compras irregulares de ambulâncias
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, pediu ontem ao STF
(Supremo Tribunal Federal)
que abra inquéritos criminais
contra 15 parlamentares para
apurar o envolvimento deles no
esquema dos sanguessugas.
Ele disse que não poderia revelar o nome dos parlamentares porque as investigações poderão tramitar em segredo de
Justiça. Também não informou
que providências recomendou
em cada caso para que a Polícia
Federal aprofunde a apuração.
O inquérito é o passo anterior à denúncia, peça formal pela qual o Ministério Público pede à Justiça a abertura de ação
penal contra um acusado. Os
parlamentares são investigados pelo procurador-geral porque possuem foro privilegiado.
O procurador-geral está convencido de que há indícios suficientes de participação desses
15 parlamentares na organização criminosa que teve sua
existência revelada no início de
maio, por meio da Operação
Sanguessuga, da PF.
Segundo a investigação da
PF, deputados e senadores alocavam, por meio de emendas,
recursos no Orçamento da
União para que prefeituras adquirissem ambulâncias e equipamentos hospitalares.
Uma licitação forjada era feita e as prefeituras, que já estavam dentro do esquema, compravam os veículos. As ambulâncias teriam valor superfaturado pela empresa Planam, cujo dono é apontado como chefe
da quadrilha. Antonio Fernando avalia que os congressistas
podem ter praticado crimes como corrupção ativa e passiva,
tráfico de influência e lavagem
de dinheiro. O esquema, segundo a polícia, teria movimentado
R$ 110 milhões desde 2001.
Envolvidos
O número de parlamentares
supostamente envolvidos na
fraude varia desde que o escândalo veio à tona. Sessenta e dois
deputados e um senador, Ney
Suassuna (PMDB-PB), tiveram
seus nomes citados em gravações telefônicas feitas pela PF.
Vários deles -entre os quais o
segundo-secretário da Câmara,
Nilton Capixaba (PTB-RO)-
tiveram assessores presos.
A ex-assessora do Ministério
da Saúde Maria da Penha Lino
listou 81 parlamentares que teriam recebido propina. Depois,
disse que o número dos que tiveram algum contato com a
Planam chegava a 283. A Câmara começou a investigar 16 deputados, mas voltou atrás devido à pressão dos acusados.
O procurador-geral afirmou,
por meio de sua assessoria, que
pretende propor ao STF novos
inquéritos contra outros parlamentares, mas ainda não tem
indícios suficientes de crime.
Colaborou RANIER BRAGON , da Sucursal de
Brasília
Texto Anterior: EUA negam que a CIA tenha investigado governo Próximo Texto: Judiciário: STF defende foro privilegiado para ações de improbidade Índice
|