São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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Procurador quer investigar 15 congressistas por fraude

Antonio Fernando pediu abertura de inquérito ao STF, mas não revelou alvos

Um senador e 62 deputados tiveram seus nomes citados em investigação da Polícia Federal sobre compras irregulares de ambulâncias


SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pediu ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) que abra inquéritos criminais contra 15 parlamentares para apurar o envolvimento deles no esquema dos sanguessugas. Ele disse que não poderia revelar o nome dos parlamentares porque as investigações poderão tramitar em segredo de Justiça. Também não informou que providências recomendou em cada caso para que a Polícia Federal aprofunde a apuração. O inquérito é o passo anterior à denúncia, peça formal pela qual o Ministério Público pede à Justiça a abertura de ação penal contra um acusado. Os parlamentares são investigados pelo procurador-geral porque possuem foro privilegiado. O procurador-geral está convencido de que há indícios suficientes de participação desses 15 parlamentares na organização criminosa que teve sua existência revelada no início de maio, por meio da Operação Sanguessuga, da PF. Segundo a investigação da PF, deputados e senadores alocavam, por meio de emendas, recursos no Orçamento da União para que prefeituras adquirissem ambulâncias e equipamentos hospitalares. Uma licitação forjada era feita e as prefeituras, que já estavam dentro do esquema, compravam os veículos. As ambulâncias teriam valor superfaturado pela empresa Planam, cujo dono é apontado como chefe da quadrilha. Antonio Fernando avalia que os congressistas podem ter praticado crimes como corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. O esquema, segundo a polícia, teria movimentado R$ 110 milhões desde 2001.

Envolvidos
O número de parlamentares supostamente envolvidos na fraude varia desde que o escândalo veio à tona. Sessenta e dois deputados e um senador, Ney Suassuna (PMDB-PB), tiveram seus nomes citados em gravações telefônicas feitas pela PF. Vários deles -entre os quais o segundo-secretário da Câmara, Nilton Capixaba (PTB-RO)- tiveram assessores presos. A ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino listou 81 parlamentares que teriam recebido propina. Depois, disse que o número dos que tiveram algum contato com a Planam chegava a 283. A Câmara começou a investigar 16 deputados, mas voltou atrás devido à pressão dos acusados. O procurador-geral afirmou, por meio de sua assessoria, que pretende propor ao STF novos inquéritos contra outros parlamentares, mas ainda não tem indícios suficientes de crime.


Colaborou RANIER BRAGON , da Sucursal de Brasília

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