São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Celeiro do mundo

O discurso de Lula durante a Conferência da FAO sobre Segurança Alimentar, na terça-feira em Roma, será uma resposta dura aos países ricos e à atribuição de culpa aos biocombustíveis, em especial o etanol, pela alta nos preços da comida no mundo. O presidente encomendou à Embrapa um estudo com a evolução dos preços das commodities e dos insumos. Vai defender o aumento da produção como saída para a crise e vender o Brasil como o país do mundo com maior potencial de crescimento no setor.
Por fim, dirá que, se há um vilão na atual carestia dos alimentos, é o protecionismo dos países desenvolvidos -e citará o caso do milho norte-americano como contraponto ao etanol feito da cana brasileira.

A descoberto. Um governista atento concluiu que não há ninguém, no primeiro escalão de Lula, esquentando a cabeça com a inflação: Dilma Rousseff se preocupa com o PAC; Guido Mantega, com o fundo soberano; e Henrique Meirelles, que antes se preocupava com inflação, agora cuida de seu futuro político.

El Cabong! Na longa sessão de quarta na Câmara, na qual se discutiu a nova CPMF sem que nem mesmo houvesse projeto, o relator Pepe Vargas (PT-RS), ganhou o apelido de Pepe Legal. Segundo colegas, a qualquer momento ele irromperia no plenário com o texto para ser aprovado a toque-de-caixa. Não rolou.

Agora essa. Para se contrapor à recriação da CPMF, Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) apresentou projeto de lei que legaliza os bingos e reverte 15% de seu faturamento à saúde: 30% para a União e 70% para os Estados.

Corrida do ouro 1. Pega fogo a disputa pela vice-presidência do Banco do Brasil ocupada pelo ex-senador Maguito Vilela (PMDB-GO), que deixará o cargo até quarta para concorrer à Prefeitura de Aparecida de Goiânia.

Corrida do ouro 2. Por Maguito, o lugar fica com Biramar Nunes (PMDB-TO), hoje acomodado em diretoria do Ministério da Agricultura. Corre por fora Ricardo Flores, diretor de Ativos do BB. O PT do DF, por sua vez, tenta emplacar Jaques Pena, ligado ao deputado Geraldo Magela.

Cético. O novo presidente do Conselho de Ética, Sérgio Moraes (PTB-RS), não acredita num recuo de Paulinho da Força (PDT-SP), vitimado pelo escândalo de desvio de recursos do BNDES: "Se ele tivesse que renunciar, já teria feito isso". O petebista, que prometeu instaurar o processo nesta terça-feira, analisa as 300 páginas enviadas pelo corregedor Inocêncio Oliveira (PR-PE), a quem chama de "coronel da Câmara".

Currículo. Quem conhece Inocêncio de outros Carnavais acha que sua súbita fúria investigativa está ligada a 2010. "O portfolio dele nesse terreno da ética é muito desfavorável. Ele viu agora uma janela de oportunidade", analisa um veterano da Câmara.

Cada um na sua. O DEM, que até pouco tempo atrás apostava numa aliança com o PMDB no Rio avalizada por Anthony Garotinho, trata de abandonar o barco do ex-governador na esteira da Operação Segurança S/A. A aliança na capital já havia sido implodida por Sérgio Cabral. Agora, discretamente, os "demos" cuidarão de desfazer arranjos no interior do Estado.

Rodo. E cresce a lista dos ex-colaboradores de Geraldo Alckmin (PSDB) que integrarão o time de Gilberto Kassab (DEM). Agora é o pesquiseiro Orjan Olsen. Ele trabalhará na área a ser coordenada por Antonio Prado, outro veterano de campanhas tucanas.

Tapete vermelho. Na sexta, quando já tiver deixado o ministério, Marta Suplicy será recebida com festa pelo PT em São Paulo e discursará como candidata, deixando a porta aberta para eventual aliança com o "bloquinho".

Tiroteio

Se Garotinho foi denunciado, Lula, por analogia e extensão, também deveria ser. Basta contar quantos de seus ex-ministros respondem a processo no Supremo.


De ROBERTO JEFFERSON (PTB), autor da denúncia do mensalão, sobre o argumento da Procuradoria, segundo a qual o ex-governador não se beneficiou, mas nomeou os integrantes do esquema de corrupção.

Contraponto

Dirigindo mr. Neves

Um carro oficial aguardava o tucano Aécio Neves ao desembarcar na quinta em Fortaleza, onde faria palestra em encontro da União Nacional dos Legislativos Estaduais. O governador mineiro, porém, preferiu a carona do correligionário Tasso Jereissati, que também o esperava.
O senador, que governou o Ceará por três vezes, deixou o aeroporto dirigindo o próprio carro, com Aécio a seu lado. Não demorou para que atraíssem a atenção de um casal num veículo próximo. A mulher, depois de examinar Aécio detidamente, perguntou ao companheiro:
-Você sabe quem é esse aí?
-Eu não, mas com certeza é alguém muito importante, porque o motorista dele é o Tasso Jereissati!


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