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Falta de Estado estimula proliferação de ONGs sem capacidade, diz especialista
DENISE MENCHEN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
A falta de uma presença forte
do Estado na Amazônia abre
espaço para a proliferação de
ONGs, que, mesmo quando
bem intencionadas, geralmente não têm capacidade técnica
para atuar na resolução dos
problemas da região. A avaliação é da pesquisadora brasileira Maria Guadalupe Moog Rodrigues, professora associada no College of the Holy Cross,
dos EUA. Ela participou de seminário na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"A falta de capacidade técnica fica mais evidente com a
multiplicação das ONGs, que é
um efeito da democracia, mas
também do sucateamento do
Estado", disse. Segundo ela, esse sucateamento, aliado ao despreparo da sociedade civil, é
um dos motivos pelos quais as
organizações estrangeiras têm
ganhado importância na questão da preservação da floresta.
"Isso pode explicar por que
os militares se sentem inseguros em relação à região e por
que não há segurança em relação à exploração da biodiversidade", afirmou. A pesquisadora
não vê, no entanto, ameaças à
soberania nacional. Ela diz
acreditar que as comunidades
locais "sabem exatamente o
que querem" e que as ONGs podem cumprir um papel importante no desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Segundo ela, hoje grande
parte dos financiamentos internacionais para programas
na Amazônia é condicionada à
participação da sociedade civil.
"O esforço deve ser não de alijá-las do processo, mas sim de fortalecê-las", disse.
Isso poderia evitar, segundo
ela, situações como a verificada
com a implantação do PAIC
(Programa de Apoio a Iniciativas Comunitárias) em Rondônia, nos anos 90. O programa
previa o repasse de recursos
obtidos junto ao Banco Mundial a organizações da sociedade civil. "Mas as ONGs não tiveram capacidade de responder."
A pesquisadora destacou que
a ex-ministra Marina Silva "era
uma bandeira muito clara para
o cenário internacional" da disposição do governo de preservar a Amazônia. Já Carlos Minc
não tem essa identificação imediata com a floresta, o que pode
gerar desconfiança no exterior.
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