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Empresa também é investigada por obra na Argentina
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A multinacional Alstom está
sendo investigada na Argentina
por supostas ilegalidades no
contrato de construção do
trem-bala que ligará Buenos
Aires, Rosário e Córdoba. A Associação Civil Anticorrupção
da Província de Santa Fé apresentou queixa ao Ministério
Público, alegando suspeita de
corrupção e fraude na licitação.
Na causa, obtida pela Folha,
a organização diz que o projeto
do Trem de Alta Velocidade é
um "assalto aos cofres públicos" e acusa o governo Cristina
Kirchner de ter direcionado a
licitação em benefício do grupo
Veloxia, liderado pela Alstom.
Duas das três empresas pré-qualificadas na licitação desistiram no meio do processo, alegando ausência de informações
para definir o custo das obras
civis e o escasso tempo concedido para desenvolver uma
oferta de grande complexidade. Concorriam os consórcios
Obrascom Huarte Lain S.A. e
Siemes A.S. Com as desistências, sobrou só o da Alstom.
"O consórcio pôde ficar com
a obra sem que na prática tenha existido comparação de
preços num regime de concorrência", disse Ricardo Monner
Sans, presidente da associação:
"O caráter de oferta única deveria ser motivo suficiente para qualquer administrador
prudente anular a licitação".
O advogado suspeita de que a
Secretaria de Transporte tenha
participado do esquema para
forjar a licitação. Monner e o
deputado Mario Cafiero entregaram a causa ao Ministério
Público, que iniciou as diligências para formalizar a abertura
de inquérito. As denúncias
contra a Alstom de pagamento
de suborno (Suíça, França, México, Brasil) são citadas como
"antecedentes desfavoráveis".
Além do descumprimento
das normas da Lei de Investimentos Públicos, o contrato do
trem-bala contém cláusulas
polêmicas, como o que envolve
o valor da obra. É utilizado o
termo "valor atual", instrumento que permite corrigir o
custo do trem-bala. O valor final da obra, que alcançaria US$
5 bilhões com o financiamento,
poderia superar U$ 13,4 bilhões. "Isso é uma anomalia
gravíssima, porque nenhuma
previsão de gastos e recursos se
faz em valor atual, mas em valor nominal", diz o documento.
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