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Governo usa nova reserva de gás contra CPI
Constrangida por investigação no Senado, Petrobras divulgará descobertas de gás em Minas e no Acre, onde há também óleo
Para Lula, anúncio poderá
acuar a oposição, o que pode
levá-la a ser mais cuidadosa
nas questões à empresa e a
não estender a investigação
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para tentar minar a CPI no
Senado e criar uma agenda positiva pró-Petrobras, o governo
prepara o anúncio da descoberta de duas grandes reservas no
país. Segundo apurou a Folha,
são uma reserva de gás e óleo
no Acre e outra de gás no noroeste de Minas Gerais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na semana
passada a confirmação da Petrobras. Desde então, a cúpula
do governo prepara o anúncio a
fim de que coincida com a divulgação das propostas de novas regras de exploração de petróleo na camada pré-sal e com
o início dos trabalhos da CPI da
Petrobras no Senado.
Do ponto de vista econômico, as novas reservas serão divulgadas como uma espécie de
passaporte para o Brasil se livrar da dependência do gás boliviano. Na reserva do Acre, o
óleo é considerado superleve
-de alto valor comercial.
Politicamente, o governo
tentará carimbar a oposição
como um grupo que decidiu
atacar a maior empresa brasileira numa hora de crise e na
qual a estatal tem se planejado
para fazer investimentos.
O governo conta assim com
maior pressão empresarial e
política sobre a CPI, cuja composição foi decidida com participação direta do Planalto. Em
conversa com o líder do PMDB,
Renan Calheiros (AL), Lula pediu que os aliados não cedessem a presidência da CPI à
oposição. Renan aceitou. Dos
11 indicados, 8 são considerados fiéis a Lula ou aliados dele.
Para o presidente, o anúncio
das novas reservas acuará a
oposição, o que pode levá-la a
ser mais cuidadosa nos questionamentos à Petrobras e a
não estender o prazo de investigação. O governo não deseja
que a CPI dure até 2010.
A prioridade de Lula é preservar a imagem da potencial
candidata, a ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff. Ela integra o Conselho de Administração da Petrobras. No primeiro
mandato, foi ministra das Minas e Energia, pasta à qual a estatal está subordinada.
Além de recusar ceder espaço à oposição, o Planalto adotou o discurso de que PSDB e
DEM teriam intenções ocultas
de privatizar a Petrobras. A
oposição nega e diz que os governistas fazem "terrorismo".
O discurso do governo é semelhante ao carimbo que o PT
usou no segundo turno de
2006 para derrotar o então
candidato tucano a presidente,
Geraldo Alckmin. O PT acusou
o PSDB de defender a privatização, tema que ainda provoca
desgaste político.
A intenção é divulgar ainda
neste mês o projeto de lei que
pretende enviar ao Congresso
com mudanças nas regras para
a exploração. Como antecipou
a Folha, será criada uma estatal para administrar novas reservas e o formato de divisão de
partilha, mais lucrativo para a
União, deverá ser adotado como modelo de parceria com a
Petrobras e empresas privadas.
O governo adiou seguidas vezes o anúncio do novo marco
regulatório. Deveria tê-lo feito
em 2008, mas a crise econômica e a queda do preço do petróleo (da faixa dos US$ 150 para
US$ 60 o barril) atrasaram as
discussões interministeriais.
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