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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/OUTRO LADO
Dimas Toledo refuta que tenha descrito a Roberto Jefferson esquema de caixa dois na estatal; envolvidos dizem ter pedido afastamento
Ex-diretor de Furnas nega relato de desvios
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas Centrais Elétricas, negou ontem por meio do
filho, o deputado estadual Dimas
Fabiano (PP-MG), que tenha relatado ao presidente licenciado do
PTB, Roberto Jefferson (RJ), desvio de R$ 3 milhões por mês da estatal para um caixa dois.
Fabiano afirmou que Dimas,
em férias no interior de Minas Gerais, pediu afastamento da diretoria ontem pela manhã, antes de o
governo tirá-lo do cargo. "Ele é
técnico e disse que não está preocupado. Tem 35 anos de Furnas e
mais de oito como diretor. O Roberto Jefferson está atirando para
todos os lados", disse Fabiano.
A estatal Furnas informou ontem, por meio de nota oficial, que
determinou "imediata abertura
de sindicância" para investigar as
acusações que o deputado Roberto Jefferson fez ontem à Folha.
A nota diz ainda que os três diretores citados por Jefferson
-Dimas Toledo, Rodrigo Botelho Campos e José Roberto Cesaroni Cury- solicitaram licença
de seus cargos.
A Folha tentou entrar em contato com os diretores, mas sem
sucesso. Em Furnas, a assessoria
de imprensa informou que somente seria divulgada uma nota.
Dos três diretores afastados,
apenas Toledo é funcionário de
carreira de Furnas. Ele entrou na
empresa há 35 anos e estava no
cargo de diretor de Planejamento,
Engenharia e Construção desde o
governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Cury, que ocupava o posto de
diretor financeiro, foi apontado
por Jefferson como uma indicação de um grupo de deputados
que se beneficiariam do desvio de
recursos. Entre os citados, está o
deputado federal Salvador Zimbaldi (PTB-SP), que tem base eleitoral em Campinas, mesma cidade onde Cury se graduou em engenharia elétrica da Unicamp.
Na página na internet da Prefeitura de Valinhos (SP), consta que
em 10 de fevereiro de 2004 "a Santa Casa de Valinhos recebeu doação de R$ 75.600 de Furnas". Cury
esteve no local, fazendo a doação.
O economista Rodrigo Botelho
Campos chegou ao cargo de diretor de Administração e Suprimentos por indicação do PT. Ele
foi vice-presidente da CUT em
Minas Gerais.
Seu nome constava do relatório
interno finalizado na semana passada pelo Instituto de Resseguros
do Brasil para apurar denúncia de
favorecimento da empresa Assurê, de Henrique Brandão, amigo
de Jefferson. Ele enviou cartas ao
instituto defendendo a contratação da Assurê na renovação de
suas apólices de seguro. Brandão
afirmou que fez apenas uma indicação pro forma da Assurê.
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