São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

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UM POUCO DE CARINHO

Roberto Jefferson, em sala lotada e com um olho machucado, falou sem apresentar provas

Depoimento na CPI tem ameaça e piada

Sérgio Lima/Folha Imagem
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) assiste ao depoimento acompanhada de sua afilhada, Clara, que não saiu de seu colo


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em sala cheia e abafada, o depoimento de Roberto Jefferson na CPI dos Correios foi dominado por seu tom de encenação e ameaças, mas acabou temperado com piadas.
A sessão estava lotada por parlamentares. Fileiras de câmeras tumultuavam a área de imprensa e Roberto Jefferson interrompeu a fala devido a um acidente: um tripé caiu na cabeça de uma repórter, que foi socorrida pelo setor médico.
Mais tarde, outro atendimento. Com incômodo nos pontos que levou no rosto, uma enfermeira fez uma bandagem abaixo do olho esquerdo de Jefferson.
A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) levou sua afilhada, Clara, 4 anos, e ficou a com menina no colo em pleno interrogatório da CPI.
Heloísa foi alvo de ironias de Jefferson, que acusava todos de terem caixa dois de campanha. "Virgem aqui, só o PSOL, mas também só até as próximas eleições", disse.
Depois de Jefferson desqualificar a gravação que deu origem à CPI, o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), quase pediu desculpas pelos questionamentos que faria. "Vou começar de forma talvez apequenada."
Sem apresentar provas como havia prometido e fugindo do assunto principal, Jefferson causou burburinho ao chegar na sala da CPI dos Correios com o olho roxo e inchado e uma pequena mala. Pessoas que assistiam à sessão especularam que seriam os R$ 4 milhões que teriam sido dados pelo PT para ajudar nas campanhas municipais do ano passado.
Ao anunciar o conteúdo da mala, a primeira intimidação: disse ter trazido as declarações de gastos eleitorais de todos os integrantes da CPI, todos subestimados. O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) o interrompeu com protestos, e Jefferson retrucou. "Não estou preocupado com o julgamento deste plenário, e sim com a população."
Jefferson também protagonizou momentos cômicos. "Amanhã eu posso até deixar de ser, por vontade de vocês, deputado no Congresso Nacional. Mas advogado serei até o momento em que nosso Deus me chamar para seu convívio", disse, e completou: "Se ele achar que eu mereço", disse, levantado risos e dando um tapinha nas costas do presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS). Este, religioso, fez o sinal da cruz três vezes e abriu a sessão pedindo a bênção de Deus.
Algumas presenças surpreenderam os presentes. Antes do depoimento, o cantor Agnaldo Timóteo apareceu, dizendo querer dar um abraço no amigo Roberto Jefferson. LS, FK e CG


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