São Paulo, sexta-feira, 01 de julho de 2005

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"ESCÂNDALO DO MENSALÃO"/OS ALIADOS

Líder do MST critica política econômica e diz que há cinco cenários para governo Lula, do impeachment à "recomposição com o povo"

Ajuda a ruralista é "agromensalão", diz João Pedro Stedile

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

O coordenador nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile criticou o "tratoraço" promovido por produtores rurais anteontem em Brasília e chamou de "agromensalão" a renegociação de débitos pelo governo.
"O Tesouro Nacional está pagando R$ 3,3 bilhões só em juros não pagos pelos fazendeiros em débito com o Banco do Brasil. Isso dá R$ 15 mil mensais por fazendeiro. É o agromensalão", disse.
As declarações foram feitas ontem durante o 49º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Goiânia, numa entrevista coletiva para divulgar a passeata que acontece hoje na cidade por mudanças na política econômica e contra o que chama de tentativa de desestabilização do governo. O ato, promovido pela CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) pretende reunir de 15 mil a 20 mil manifestantes.
O coordenador do MST defendeu uma coalizão do governo federal com os movimentos populares como forma de superar o momento atual -denúncias de corrupção em estatais e de pagamento de "mensalão" a parlamentares- e afirmou que o governo enfrenta uma "crise política e social porque os problemas fundamentais do povo brasileiro não vêm sendo resolvidos".
"Está em curso uma tentativa de desestruturação do governo a partir dessas denúncias de corrupção, e teremos articulações que, a depender da coalizão de forças, poderão ter diferentes desencadeamentos, diferentes hipóteses", disse ele.

Cinco cenários
Segundo Stedile, os próximos passos do governo definirão os rumos da crise. A hipótese mais provável, para ele, é que o governo faça uma recomposição com o PMDB, mesmo enfrentando a oposição dos governadores do partido no RJ, RS e PR.
Há outras quatro possibilidades para Stedile: o impeachment de Lula; a manutenção da "política econômica tucana", chamada por ele de "política de sangria", que "levará à desmoralização do governo"; a união do governo com o próprio PSDB, defendida, segundo Stedile, pelo senador Tião Viana (PT-AC) e o governador Aécio Neves (PSDB-MG); e a "recomposição com o povo", conforme ele mesmo defende.
"Nós, dos movimentos sociais, apresentamos uma saída: o governo se recompor com o povo, pelas forças sociais, com as entidades que representam o povo, retomando sua tradição histórica. O governo deve dar sinais concretos, mostrando que vai apurar e punir, independentemente de quem for", disse o coordenador.
Para o presidente da Comissão Pastoral da Terra, dom Tomás Balduíno, que também participou da coletiva, "há um consenso de reivindicações nesse momento de crise". "Queremos a voz da maioria, estamos cansados de ouvir a voz da minoria."


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