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"ESCÂNDALO DO MENSALÃO"/OS ALIADOS
Líder do MST critica política econômica e diz que há cinco cenários para governo Lula, do impeachment à "recomposição com o povo"
Ajuda a ruralista é "agromensalão", diz João Pedro Stedile
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA
O coordenador nacional do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile criticou o "tratoraço"
promovido por produtores rurais
anteontem em Brasília e chamou
de "agromensalão" a renegociação de débitos pelo governo.
"O Tesouro Nacional está pagando R$ 3,3 bilhões só em juros
não pagos pelos fazendeiros em
débito com o Banco do Brasil. Isso
dá R$ 15 mil mensais por fazendeiro. É o agromensalão", disse.
As declarações foram feitas ontem durante o 49º Congresso da
UNE (União Nacional dos Estudantes), em Goiânia, numa entrevista coletiva para divulgar a passeata que acontece hoje na cidade
por mudanças na política econômica e contra o que chama de tentativa de desestabilização do governo. O ato, promovido pela
CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) pretende reunir
de 15 mil a 20 mil manifestantes.
O coordenador do MST defendeu uma coalizão do governo federal com os movimentos populares como forma de superar o
momento atual -denúncias de
corrupção em estatais e de pagamento de "mensalão" a parlamentares- e afirmou que o governo enfrenta uma "crise política
e social porque os problemas fundamentais do povo brasileiro não
vêm sendo resolvidos".
"Está em curso uma tentativa de
desestruturação do governo a
partir dessas denúncias de corrupção, e teremos articulações
que, a depender da coalizão de
forças, poderão ter diferentes desencadeamentos, diferentes hipóteses", disse ele.
Cinco cenários
Segundo Stedile, os próximos
passos do governo definirão os
rumos da crise. A hipótese mais
provável, para ele, é que o governo faça uma recomposição com o
PMDB, mesmo enfrentando a
oposição dos governadores do
partido no RJ, RS e PR.
Há outras quatro possibilidades
para Stedile: o impeachment de
Lula; a manutenção da "política
econômica tucana", chamada por
ele de "política de sangria", que
"levará à desmoralização do governo"; a união do governo com o
próprio PSDB, defendida, segundo Stedile, pelo senador Tião Viana (PT-AC) e o governador Aécio
Neves (PSDB-MG); e a "recomposição com o povo", conforme
ele mesmo defende.
"Nós, dos movimentos sociais,
apresentamos uma saída: o governo se recompor com o povo,
pelas forças sociais, com as entidades que representam o povo,
retomando sua tradição histórica.
O governo deve dar sinais concretos, mostrando que vai apurar e
punir, independentemente de
quem for", disse o coordenador.
Para o presidente da Comissão
Pastoral da Terra, dom Tomás
Balduíno, que também participou
da coletiva, "há um consenso de
reivindicações nesse momento de
crise". "Queremos a voz da maioria, estamos cansados de ouvir a
voz da minoria."
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