São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

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Reunião do Mercosul inicia hoje e mostra divergências

ADRIANA KÜCHLER
ENVIADA ESPECIAL A SAN MIGUEL DE TUCUMÁN (ARGENTINA)

Na 35ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que acontece hoje em San Miguel de Tucumán, norte da Argentina, a presidente argentina Cristina Kirchner entregará a presidência temporária do bloco ao colega Luiz Inácio Lula da Silva pelos próximos seis meses sem muitas conquistas.
Algumas das principais questões a serem resolvidas pelo bloco, como a integração alfandegária do grupo e uma posição comum para a Rodada Doha, ficaram pendentes principalmente por diferenças entre a Argentina e as demais nações.
Estarão presentes os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Kirchner, Tabaré Vázquez (Uruguai) e Nicanor Duarte Frutos (Paraguai), além de Hugo Chávez, da Venezuela, em processo de adesão ao bloco, e mandatários de dois países associados: o boliviano Evo Morales e a chilena Michelle Bachelet.
Hoje, Lula se reunirá para uma reunião bilateral com Cristina antes da reunião oficial. Em seguida, acontece um encontro da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), bloco criado em maio em Brasília.
Os presidentes deverão adiar novamente o anúncio de acordo aduaneiro comum, que facilita o trânsito de mercadorias, apesar de o projeto estar "praticamente finalizado", segundo um funcionário argentino.
A Argentina reivindica que o código inclua seus impostos às exportações, as chamadas retenções, que provocaram crise com o setor agropecuário que já dura mais de três meses e fez cair a popularidade da presidente. O ministro da Economia do Uruguai, Danilo Astori, afirmou que as retenções argentinas prejudicam a economia uruguaia e que a questão dos impostos deve ser decidida no âmbito do Mercosul.
Já o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, afirmou ontem à imprensa que a questão deve ser discutida depois. Segundo um diplomata brasileiro, o Brasil se opõe às retenções, mas não quer levantar o tema para não ameaçar a relação com a Argentina.
Ainda ontem, o Conselho do Mercado Comum emitiu uma declaração conjunta sobre a Rodada Doha de negociações comerciais mundiais, classificada por um diplomata brasileiro como "geral e política". Assim, ficariam disfarçadas as divergências entre a Argentina e o resto do bloco que dificultam as negociações, travadas há anos, na Organização Mundial do Comércio. Na declaração, o bloco pede apoio em questões mais genéricas como a redução de subsídios agrícolas nos países ricos.


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