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No pior dia da crise, partidos pedem que Sarney se afaste
Senadora petista sai em defesa de peemedebista e diz que ele não é o único responsável
Com debandada dos aliados democratas, Sarney chegou a discutir com familiares ideia de se licenciar ou renunciar para preservar seu mandato
Alan Marques/Folha Imagem
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José Sarney chega ao Senado para presidir a sessão da manhã sob pressão para que deixe o cargo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os partidos DEM, PSDB e
PDT pediram no plenário o
afastamento temporário do
presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), que viveu
ontem seu pior momento na
atual crise. O agravamento de
sua situação, com uma declarada debandada até dos aliados
democratas, levou o peemedebista a discutir com amigos e familiares a possibilidade de se licenciar ou renunciar ao cargo
para preservar o mandato.
Sarney fazia, ontem à tarde,
uma contagem de votos para
checar se ainda tinha apoio suficiente para permanecer no
comando da Casa. Sua mulher,
Marly Sarney, era a principal
defensora de sua saída.
Em sua única manifestação
oficial ontem, a assessoria do
peemedebista informou que "a
hipótese de afastamento não
está em análise". Sarney presidiu a sessão pela manhã no Senado, mas não a da tarde, como
estava previsto.
Os três partidos que pediram
o afastamento de Sarney têm
32 dos 81 senadores. Entre os
aliados, ele conta com 17 dos 19
votos no PMDB a seu favor.
Com sete senadores, o PTB fechou questão em apoio a Sarney. O PT, com 12, está dividido
e faria uma reunião ontem à
noite para discutir a situação.
A líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC),
disse que Sarney é um dos que
têm culpa pelos desmandos administrativos, mas "não pode
ser o único responsabilizado".
Aliados definiram a situação
de Sarney ontem como extremamente delicada. Quem esteve com o senador disse que ele
estava fragilizado e com dificuldades para articular sua própria defesa. No fim da tarde, o
presidente do PSDB, senador
Sergio Guerra (PE), classificou
a crise de "monumental". "A
grande tragédia é que não temos mais presidência da Casa."
No início da noite, Sarney ganhou fôlego após uma intervenção dos tucanos no plenário, divulgando que haviam feito uma proposta ao presidente
do Senado de se afastar do cargo e criar uma comissão formada por senadores para recuperar a imagem da Casa.
A primeira reação veio de um
tucano, o vice-presidente da
Casa, Marconi Perillo (GO),
que presidia a sessão no momento, se disse desprestigiado
pelo próprio partido ao propor
a criação de uma comissão que,
na prática, substituiria a Mesa
Diretora da qual ele faz parte.
Em seguida, Perillo bateu boca com dois tucanos -Sergio
Guerra e Arthur Virgílio. Ao
tentar se explicar, Guerra disse
que havia sido mal-entendido,
mas acabou afirmando que a
Mesa não estava conseguindo
conduzir os trabalhos para recuperar a imagem do Senado.
Primeiro-secretário da Casa,
Heráclito Fortes (DEM-PI)
sentiu-se atingido pelas críticas
do tucano e classificou a proposta do PSDB como um "golpe
na Mesa, uma intervenção".
Em seguida, irritado, propôs
uma "renúncia coletiva" de todos os dirigentes do Senado.
Durante suas críticas aos tucanos, Heráclito, um dos três
democratas que foram contra a
proposta de seu partido de pedir o afastamento de Sarney,
era estimulado pelos peemedebistas a reagir .
Pela manhã, o DEM havia decidido, por dez votos a três, pedir a licença por 60 dias do presidente do Senado. Não tomou,
contudo, nenhuma medida
prática contra Sarney.
Antes disso, o PSOL protocolou representação no Conselho
de Ética contra Sarney por quebra de decoro parlamentar e
Renan Calheiros (PMDB-AL),
que presidiu o Senado de 2005
a 2008, por causa dos atos secretos. A existência de atos não
publicados está no centro do
momento atual da crise -iniciada com a queda do diretor-geral Agaciel Maia, protegido
de Sarney, após ter omitido da
Justiça uma casa milionária.
A crise dos atos atingiu diretamente Sarney, que teve parentes favorecidos por nomeações ocultas de publicação oficial no Senado.
Os três senadores que tentaram aprovar uma outra proposta -afastamento das investigações, mas sem sair do comando
da Casa- foram o senador Heráclito, ACM Junior (BA) e Elizeu Rezende (MG).
Essa sugestão, inclusive, chegou a ser encaminhada a Sarney no dia anterior como uma
saída negociada para que o
DEM mantivesse seu apoio, para ser recusada.
A notícia ruim chegou aos
ouvidos de Sarney logo depois
que ele encerrou a sessão da
manhã no Senado.
Dali foi para casa, já informado de que o PDT decidira pedir
sua licença. À tarde, o peemedebista recebeu três tucanos
-Sergio Guerra, Alvaro Dias
(PR) e Marisa Serrano (GO).
Foi deles a proposta de que
Sarney se licenciasse do cargo e
que fosse criada uma comissão
para conduzir as investigações
e propor medidas para recuperar a imagem do Senado. Mais
tarde, no plenário, Guerra revelou que Sarney "não demonstrou disposição de aceitá-la".
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