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PF conclui caso sem achar grampo no STF
Sem encontrar áudio de suposta interceptação telefônica de Mendes e Demóstenes, polícia não deve indiciar ninguém
Dez meses depois de aberto, inquérito terá resultados divulgados nos próximos dias; para a PF, não se pode dizer que não houve grampo
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem encontrar o áudio e sem
identificar o responsável pela
eventual gravação, a Polícia Federal concluiu a investigação
que apurou o suposto grampo
no presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro
Gilmar Mendes.
Para os delegados William
Morad e Rômulo Berredo, responsáveis pelo inquérito aberto há dez meses, não houve crime, não há "corpo", ou seja, não
foi encontrada a suposta gravação. Segundo apurou a Folha,
para a PF é impossível afirmar
que não existiu o suposto
grampo em uma ligação entre
Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O resultado oficial deve ser divulgado nos próximos dias.
Não haverá, portanto, nenhum indiciamento, nem do
delegado Protógenes Queiroz,
responsável pela Operação Satiagraha, nem de nenhum funcionário da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
A revista "Veja" atribuiu a
autoria da suposta interceptação ilegal a agentes da Abin que
atuaram na Satiagraha. A operação foi conduzida por Protógenes e, em julho do ano passado, prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.
A Folha apurou que, no relatório, os investigadores devem
fazer referência ao sistema de
telefonia do país, muito vulnerável a interceptações ilegais.
De acordo com a investigação, o sistema telefônico do Supremo é menos vulnerável a
grampo que o do Senado. Os
sistemas dos órgãos passaram
por perícia, assim como as
companhias telefônicas.
O inquérito sobre o suposto
grampo foi instaurado em setembro, por pressão de Mendes. Na época, o ministro, indignado com o fato de supostamente estar sendo monitorado, chegou a cobrar uma providência do presidente Lula.
Sabatinado pela Folha em
março, Mendes falou sobre a
possibilidade de o grampo não
ter existido -"se a história não
era verdadeira, era extremamente verossímil"- e admitiu
"não ter muita certeza" sobre a
participação da Abin.
Na ocasião, ele pressionou
pela saída do então diretor do
órgão, Paulo Lacerda, que depois deixou o posto e hoje é adido policial em Portugal.
Também em março, a PF já
estava com o inquérito praticamente pronto -faltava a conclusão das perícias. As informações, contudo, eram de que
o laudo pouco ajudaria a elucidar o caso.
Além da demora na conclusão das perícias, o inquérito
passou meses parado na Justiça Federal do Distrito Federal
-o motivo não foi esclarecido.
Oficialmente, a PF disse que o
fato não atrapalhou a investigação. A Justiça do DF não quis
se pronunciar.
Paralelamente ao inquérito,
os delegados Morad e Berredo
também se envolveram em outros casos. O primeiro atuou no
desenvolvimento de um sistema contra fraudes financeiras,
e o segundo se tornou adido
policial do Brasil na Itália.
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