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Controle da inflação não se restringiu ao Brasil
ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília
O controle da inflação não foi
um fenômeno restrito ao Brasil,
obtido com um plano inovador
elaborado pelos "pais do real",
mas um processo que varreu quase toda a América Latina na década de 90.
Dados de 23 países latino-americanos mostram que, no período,
19 registraram inflação baixa, ajudados por um período de prosperidade da economia mundial.
Segundo o FMI (Fundo Monetário Nacional), a inflação média de
todos os países do mundo foi de
apenas 2% em 1997, contra uma
média de 6,5% na década de 80.
A chave do sucesso das políticas
de estabilização foi uma superoferta de capitais internacionais
nos anos 90. Esse dinheiro farto e
barato financiou a queda da inflação.
O Plano Real começou a estabilizar os preços em 1994. Antes disso,
México, Peru, Argentina e Chile
executaram programas bem-sucedidos com as mesmas premissas.
Dois pontos básicos sustentaram os programas de estabilização
latino-americanos: ajuste fiscal,
ainda que às vezes frágil, e sobrevalorização da moeda nacional.
Sete anos antes do Brasil, o México foi um dos primeiros a alcançar a estabilização de preços, com
o chamado pacto da solidariedade. A queda da inflação, entretanto, resistia a ficar abaixo de 20% ao
ano.
Isso só foi conquistado na década de 90, quando o peso mexicano
foi valorizado em relação ao dólar.
A sobrevalorização barateou as
importações, ampliando a concorrência no mercado interno e
reduzindo a inflação a um dígito.
Esse modelo só pôde ser várias
vezes reproduzido em outros países devido a um cenário internacional favorável.
Quando um país incentiva as
importações, cresce seu déficit nas
contas externas, que precisa ser
coberto com financiamentos internacionais.
Na década de 90, o mundo passou a estar mais receptivo à concessão de créditos a países da
América Latina.
Antes, desde a moratória mexicana, em 1982, os investidores estrangeiros haviam fechado os fluxos de créditos à região. O Plano
Brady, que permitiu o refinanciamento da dívida externa da América Latina, reabriu o acesso desses
países ao mercado mundial.
A recessão nos EUA em 1991,
quando a economia norte-americana decresceu 0,9%, provocou
uma redução nas taxas de juros internacionais. Os investidores procuraram, então, maiores taxas de
juros nos países emergentes.
A desregulamentação do fluxo
de capitais, com regras mais flexíveis para os fundos de pensão e de
investimento dos Estados Unidos,
também elevou o ingresso de recursos na América Latina.
Juntos, todos esses fatores provocaram uma forte expansão da
produção mundial, que atingiu
4,1% em 1996 e 1997, segundo o
FMI. Na década de 80, a média de
crescimento da economia mundial foi de apenas 3,3%.
A Argentina, em 1991, adotou o
Plano Cavallo, que estabeleceu a
paridade e a livre conversão entre
o peso e dólar. Só que, como nos
outros países, o peso foi sobrevalorizado em relação ao dólar, barateando importações.
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