São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente quer uma saída para "essa situação"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu aliados, na noite de segunda-feira, para discutir a pauta de votações do Congresso neste semestre.
Boa parte do encontro foi tomada pela discussão do "pacote ético", mas todos os presentes evitaram falar diretamente no nome do senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
Denúncias de corrupção contra Jader levaram ao seu afastamento da presidência do Senado há dez dias e provocaram a discussão do chamado "pacote ético" -um conjunto de projetos para recuperar a credibilidade do Congresso.
Durante o jantar, a crise que atingiu o Senado depois da série de denúncias contra Jader era tratada como "essa situação do Congresso". Segundo congressistas que participaram do encontro, as conversas se referiam ao caso do presidente licenciado do Senado, mas sem abordar diretamente seu nome e as acusações contra ele.
Jader enfrenta denúncias que vão do desvio de dinheiro do Banpará (Banco do Estado do Pará), passando pela emissão irregular de TDAs (Títulos da Dívida Agrária) para fins de reforma agrária, à cobrança de propina para liberar financiamentos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).

Pacote ético
O "pacote ético", defendido pelo presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), e pelo presidente interino do Senado, Edison Lobão (PFL-MA), visa tirar o foco da crise política que enfrenta o Congresso desde o episódio da violação do painel de votações do Senado.
A fraude no painel no dia da votação da cassação de Luiz Estevão (PMDB-DF) levou à renúncia do então senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), ex-presidente do Senado, e de José Roberto Arruda (sem partido-DF), ex-líder do governo FHC naquela Casa.
FHC manifestou apoio ao "pacote ético", mas disse que o comando é de Lobão e de Aécio. O presidente mostrou-se particularmente interessado em um projeto que integra o "pacote": o que trata da fidelidade partidária por meio da definição de prazo mínimo de filiação a partido político.
A Folha apurou que FHC defendeu a fidelidade partidária, dizendo que sem esse mecanismo não há ordem no sistema político-partidário e a democracia não se fortalece.
Além de FHC, Aécio e Lobão, participaram do jantar no Palácio da Alvorada o vice-presidente Marco Maciel, o ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) e os líderes do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), no Senado, Romero Jucá (PSDB-RR), e no Congresso, deputado federal Arthur Virgílio (PSDB-AM).



Texto Anterior: Senado sob pressão: Mestrinho se nega a assumir o "abacaxi" Jader sozinho
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.