São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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TRANSIÇÃO NO ESCURO

Aliados de Serra querem que FHC cobre definição de ex-governador, que já disse que não hostilizará candidato do PPS

Tasso vê terror "que lembra 64" contra Ciro

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-governador do Ceará Tasso Jereissati (PSDB) vê "terrorismo" contra Ciro Gomes e diz estar fazendo "força para que não se esgarcem as relações" entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o candidato do PPS ao Palácio do Planalto.
Frisando que seu candidato a presidente é o tucano José Serra, Tasso disse estar preocupado "com um tipo de terrorismo que está aparecendo na sociedade e na mídia que lembra muito 1964", ano do golpe que deu início ao regime militar brasileiro.
Indagado se falava especificamente das declarações de aliados de Serra e de avaliações que surgiram na imprensa relacionando a eventual vitória de Ciro a uma crise institucional, Tasso respondeu: "Falo de todos os candidatos; logo, incluo o Ciro. São todos democratas, e não faz sentido levantar dúvida quanto à normalidade das instituições se algum deles vencer". Questionado se considerava Ciro "um democrata com capacidade de administrar o Brasil", Tasso disse "sim".
O ex-governador afirmou que falou ontem por telefone com Ciro, mas que não relatou a ele o teor da conversa que teve anteontem à noite com FHC. "Tratei de um assunto sem importância com o Ciro. Com o presidente, foi um encontro muito amigável. Não houve cobrança. Senti o presidente bem, apesar de gripado."

Ponte
Amigo e padrinho político de Ciro, que já foi do PSDB, Tasso é visto pelo candidato do PPS como uma ponte para obter o apoio dos tucanos a ele num eventual segundo turno. Interessa ainda a Ciro, que tem transmitido a FHC por meio de emissários que não o perseguirá se vencer a eleição, neutralizar um eventual apoio presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na segunda fase da eleição, se Serra não chegar lá. Atualmente, Serra está em terceiro nas pesquisas, atrás de Lula e Ciro.
Segundo Tasso, FHC lhe disse que "não participará de nenhum ato de campanha que produza acusações e dossiês". Ontem, o próprio Serra elevou o tom dos ataques a Ciro. Tem piorado a relação entre o presidenciável tucano e Tasso, que disputa o Senado no Ceará depois de ter sido preterido na corrida pela candidatura do PSDB à Presidência.
Auxiliares de Serra querem que FHC cobre de Tasso uma definição pública, levando-o a assumir a preferência por Ciro. Assim, Serra poderia colar sua campanha à do peemedebista Sérgio Machado ao governo do Ceará. Tasso e seu candidato a governador, Lúcio Alcântara, ficariam com Ciro. Ambos têm aliança informal com o PPS no Ceará. FHC, porém, acha que isso só amplificaria um problema, pois poderia levar a uma dissidência no PSDB.
O ex-governador repetiu ainda críticas à campanha de Serra: "Foi um erro essa coisa de palanque duplo nos Estados. Não é só no Ceará que o Serra está com dificuldade. Ele tem a mesma dificuldade em outros Estados. Quem tem dois acaba sem nenhum".


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