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OPOSIÇÃO
Bancadas do PSDB na Câmara e no Senado se reúnem hoje pela 1ª vez e devem divulgar documento contra o governo
Para Serra, Lula avançou "muito pouco"
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-senador José Serra, candidato do PSDB na eleição presidencial do ano passado, disse ontem à noite no Rio considerar
"um pouco cedo" para avaliar o
governo Lula, mas que os avanços
até agora foram "muito poucos na
direção de tudo aquilo que [ele]
tinha prometido".
Para Serra, que jantou com cerca de cem líderes tucanos, "a expectativa é muito grande [em relação ao governo petista]". Ele
disse que o partido pode "trocar
idéias" com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O PSDB é um partido de oposição, mas uma oposição que não
joga contra o Brasil. Temos que
trocar idéias a respeito da economia, da política, para exercermos
o papel legítimo de fiscalização."
Serra falou pouco, mas insistiu
que o PSDB pode "ajudar o país a
melhorar". Para ele, cabe ao partido o "papel de cobrança, inclusive
com relação a compromissos de
campanha". "Precisamos ajudar
o país a melhorar, porque ele está
precisando", disse.
Documento
As bancadas do PSDB na Câmara e no Senado divulgam hoje, no
Rio, um documento contra os rumos do governo Lula. Os tucanos
estão preocupados com o que
chamam de excessiva prudência
do PT na política econômica e
com o vai-e-vem nas negociações
das reformas no Congresso.
"É um governo que age por impulso, por circunstâncias. Não
tem convicção do que está fazendo", disse o presidente do PSDB,
deputado federal José Aníbal
(SP), para quem a forma como o
governo vem agindo nos dois casos poderá resultar em abalos na
credibilidade externa do país.
O documento apresentará as
conclusões do seminário "Os Novos Desafios do PSDB", que acontece hoje no Rio e reunirá, pela
primeira vez, as duas bancadas
tucanas no Congresso, além de
expoentes do partido, como Serra
e o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Será o primeiro grande encontro político-partidário de Serra
neste ano. Em janeiro, ele viajou
para os Estados Unidos, onde leciona no Instituto de Estudos
Avançados da Universidade de
Princeton. Desde que perdeu a
eleição, Serra vem defendendo
que o PSDB faça uma "oposição
responsável" ao governo.
Segundo Aníbal, o tom duro
que o partido pretende expor no
documento servirá mais como
"alerta", para evitar "retrocessos".
"Nossa postura é de uma oposição responsável. Temos que fiscalizar, mas o governo tem que fazer
a parte dele."
Para o líder tucano no Senado,
Arthur Virgílio, o governo tem
demonstrado fraqueza na condução das reformas, na relação com
os movimentos sociais, em especial com o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
e na política externa.
"É um governo que está deixando a desejar e que tem como o seu
grande capital de sustentação a
popularidade do presidente Lula,
que está se esvaindo. Eles não decidem quando vão começar a governar", afirmou.
Virgílio culpou o governo pelo
aumento da tensão no campo. "O
ministro José Dirceu [Casa Civil]
põe a culpa no Geraldo Alckmin
[governador de São Paulo] em
coisas criadas pelo próprio governo. Por exemplo, o quadro de tensão no campo, que estava amortecido, voltou por causa das tolices
que eles disseram em relação ao
MST."
Para Aníbal, o governo está "estimulando" as invasões de terra.
"Alguém precisa saber que é necessário continuar fazendo assentamento no Brasil? Só que nós fizemos 80 mil por ano e eles vão fazer, no máximo, 10 mil, mas continuam estimulando a invasão."
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