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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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OPOSIÇÃO

Bancadas do PSDB na Câmara e no Senado se reúnem hoje pela 1ª vez e devem divulgar documento contra o governo

Para Serra, Lula avançou "muito pouco"

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-senador José Serra, candidato do PSDB na eleição presidencial do ano passado, disse ontem à noite no Rio considerar "um pouco cedo" para avaliar o governo Lula, mas que os avanços até agora foram "muito poucos na direção de tudo aquilo que [ele] tinha prometido".
Para Serra, que jantou com cerca de cem líderes tucanos, "a expectativa é muito grande [em relação ao governo petista]". Ele disse que o partido pode "trocar idéias" com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O PSDB é um partido de oposição, mas uma oposição que não joga contra o Brasil. Temos que trocar idéias a respeito da economia, da política, para exercermos o papel legítimo de fiscalização."
Serra falou pouco, mas insistiu que o PSDB pode "ajudar o país a melhorar". Para ele, cabe ao partido o "papel de cobrança, inclusive com relação a compromissos de campanha". "Precisamos ajudar o país a melhorar, porque ele está precisando", disse.

Documento
As bancadas do PSDB na Câmara e no Senado divulgam hoje, no Rio, um documento contra os rumos do governo Lula. Os tucanos estão preocupados com o que chamam de excessiva prudência do PT na política econômica e com o vai-e-vem nas negociações das reformas no Congresso.
"É um governo que age por impulso, por circunstâncias. Não tem convicção do que está fazendo", disse o presidente do PSDB, deputado federal José Aníbal (SP), para quem a forma como o governo vem agindo nos dois casos poderá resultar em abalos na credibilidade externa do país.
O documento apresentará as conclusões do seminário "Os Novos Desafios do PSDB", que acontece hoje no Rio e reunirá, pela primeira vez, as duas bancadas tucanas no Congresso, além de expoentes do partido, como Serra e o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Será o primeiro grande encontro político-partidário de Serra neste ano. Em janeiro, ele viajou para os Estados Unidos, onde leciona no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton. Desde que perdeu a eleição, Serra vem defendendo que o PSDB faça uma "oposição responsável" ao governo.
Segundo Aníbal, o tom duro que o partido pretende expor no documento servirá mais como "alerta", para evitar "retrocessos".
"Nossa postura é de uma oposição responsável. Temos que fiscalizar, mas o governo tem que fazer a parte dele."
Para o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio, o governo tem demonstrado fraqueza na condução das reformas, na relação com os movimentos sociais, em especial com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e na política externa.
"É um governo que está deixando a desejar e que tem como o seu grande capital de sustentação a popularidade do presidente Lula, que está se esvaindo. Eles não decidem quando vão começar a governar", afirmou.
Virgílio culpou o governo pelo aumento da tensão no campo. "O ministro José Dirceu [Casa Civil] põe a culpa no Geraldo Alckmin [governador de São Paulo] em coisas criadas pelo próprio governo. Por exemplo, o quadro de tensão no campo, que estava amortecido, voltou por causa das tolices que eles disseram em relação ao MST."
Para Aníbal, o governo está "estimulando" as invasões de terra. "Alguém precisa saber que é necessário continuar fazendo assentamento no Brasil? Só que nós fizemos 80 mil por ano e eles vão fazer, no máximo, 10 mil, mas continuam estimulando a invasão."


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