São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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PAINEL

Mal-estar
Em uma parcela do PT, há grande descontentamento com o caso da compra, pelo Banco do Brasil, de ingressos do show destinado a levantar fundos para a aquisição da nova sede do partido. O desconforto não se restringe à esquerda petista.


Primeira parada
Uma vertente da insatisfação petista mira o presidente do BB, Cássio Casseb, "homem de mercado" escolhido por Antonio Palocci e hoje atormentado por outras duas dores de cabeça: seu dinheiro no exterior e a espionagem da Brasil Telecom.

Epicentro
Mas, no episódio dos R$ 70 mil torrados no show, os alvos principais da ira de parte do PT são os diretores Ivan Guimarães, do subsidiário Banco do Povo, e Henrique Pizzolato, da área de marketing, ambos oriundos da máquina de arrecadação comandada por Delúbio Soares.

Custo futuro
Previsão de um parlamentar petista do chamado "campo majoritário": "O partido pagará caro por ter sustentado em público que não houve nada de errado no episódio do show".

Sem contraditório
O Planalto considerou tecnicamente correto o voto do TCU que mandou suspender o programa Primeiro Emprego. Seu autor, Guilherme Palmeira, foi um dos fundadores do PFL.

Espeto de pau
Aldo Rebelo, que se notabilizou na Câmara dos Deputados por condenar todo e qualquer estrangeirismo, tem mais um motivo para sofrer. O novo escritório em Brasília do PC do B, partido do ministro, fica no edifício "America Office Tower".

Estiagem
O BB começou a contratar o crédito agrícola, mas a soja transgênica está de fora. Para desespero dos produtores gaúchos, o projeto de biossegurança, que regulamenta o plantio, só deve ser votado na segunda semana de agosto. Se for votado.

Pedra fundamental
Saiu o resultado da licitação para o primeiro dos cinco presídios federais que Lula prometeu construir. Venceu a Palma Engenharia Ltda. A obra, em Campo Grande, custará R$ 17 mi.

Teatro popular 1
A exemplo de uma cervejaria que coloca "infiltrados" em bares paulistanos para recitar seu novo slogan, comitês de campanha estão utilizando pessoas que se fazem passar por usuários de serviços públicos da capital. Só que, em vez de elogiar o "produto", apontam supostas falhas.

Teatro popular 2
Na semana passada, um grupo entrou em um restaurante popular do governo tucano e criticou em alto e bom som a qualidade das refeições. Performance semelhante foi encenada em um dos terminais de ônibus da prefeitura petista para atacar a "má gestão" do bilhete único.

Não é comigo
Petistas e tucanos, os mais renhidos adversários na disputa pela prefeitura paulistana, negam lançar mão de "apresentações teatrais" em suas campanhas. Mas não desprezam a oportunidade de dizer que são vítimas desse expediente.

Audição fraca
Assessores que acompanham Paulo Maluf nas caminhadas desenvolveram uma técnica para abafar o "ladrão" diariamente pronunciado por um ou outro eleitor. Basta ouvir o adjetivo para que eles se ponham a gritar "Marcão", nome de um dos seguranças do candidato do PP.

Ilustre desconhecido
No domingo passado, durante visita de Maluf ao Varejão Imigrantes, na zona sul da capital, um dos assessores estranhou: "Ué, por aqui o Marcão não deve ser muito popular. Ninguém ainda chamou por ele hoje".

TIROTEIO

Do dissidente cubano Oswaldo Payá, sobre as férias do ministro José Dirceu na ilha comandada por Fidel Castro:
-Eu o convido a nos visitar e conhecer a Cuba real, não apenas a oficial. Mas, se ele veio como quem vai a um balneário, é assunto para sua consciência.

CONTRAPONTO

Poder de síntese

Ex-secretário de governo em Pernambuco e todo-poderoso "leão" da Receita Federal nos oito anos da gestão FHC, Everardo Maciel aprendeu a se comportar com desenvoltura diante de entrevistadores, mesmo quando se vê obrigado a discorrer sobre temas áridos como elisão fiscal.
No entanto, nem sempre foi assim. Maciel ainda guarda lembrança do temor que sentiu quando enfrentou uma câmera de televisão pela primeira vez.
O repórter conseguiu aterrorizá-lo antes de começar a gravar:
-Lembre-se, TV é tempo. Sem frases longas. Seja sucinto!
Tudo pronto, câmera ligada, o jornalista começou a perguntar:
-Dr. Everardo, quais são, em sua opinião, os principais problemas do Nordeste?
Ele hesitou por um instante, mas logo encontrou um modo de seguir as instruções, deixando o entrevistador perplexo:
-Água e emprego.



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