São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

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Estudo da era FHC tentou prever cenários

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil ruma para Caaetê? A palavra indígena que designa a região da Amazônia inundada no período das enchentes batizava o cenário mais pessimista do estudo Brasil 2020, parente mais próximo do Brasil em Três Tempos, que o governo prepara agora, num reincidente esforço de planejamento de longo prazo.
Os sucessivos apertos fiscais registrados desde a crise asiática de 1997 -ano da publicação do Brasil 2020- e o ritmo lento da economia desde então aproximaram o país das previsões mais dramáticas: falta de investimento, alta concentração de renda, alto desemprego e elevado número de pobres.
Para um dos coordenadores do estudo, o embaixador Edmundo Fujita, atual chefe do departamento da Ásia e Oceania do Itamaraty, as previsões feitas pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República simplesmente falharam em todos os cenários. "O crescimento da economia ficou muito abaixo das projeções, o estudo ficou fora de foco."
Os Cenários Brasil 2020 foram levados aos arquivos do CGEE (Centro de Gestão e Assuntos Estratégicos), uma espécie de núcleo de inteligência que presta serviços ao governo federal.
Estimulados pelos resultados da primeira fase do Plano Real e sem digerir o significado da crise asiática que abalaria países emergentes como o Brasil em 1997, os 70 especialistas ouvidos pelo governo Fernando Henrique Cardoso apostaram num ritmo acelerado de crescimento da economia.
O cenário Abatiapé, o mais otimista de todos, indicava que a taxa de desemprego em 2005 estaria em 6%, menos da metade do índice registrado nas regiões metropolitanas em 2003.
O cenário Baporé, intermediário, levava em conta um ritmo de crescimento "moderado" da economia, algo em torno de 4,6% até 2006, bem distante da queda de 0,2% do Produto Interno Bruto verificada em 2003.
Nem o mais pessimista dos cenários previu a crise energética em 2001.
Outro grande esforço de planejamento estatal custou R$ 13 milhões ao BNDES no ano seguinte à divulgação dos Cenários Brasil 2020. Em 1998, ano da reeleição de FHC, o governo contratou especialistas para identificar oportunidades de investimentos públicos e privados. As obras planejadas então deveriam ter saído do papel no segundo mandato de FHC. Por falta de verba, boa parte nunca saiu de lá. (MS)



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