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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Pomo da discórdia
Muito mais do que a construção de um novo aeroporto em São Paulo ou o acréscimo de uma terceira
pista em Cumbica, o item da agenda de combate à crise aérea que mais divide opiniões dentro do governo é
a proposta de abertura do capital da Infraero.
Alguns ministros petistas, Tarso Genro (Justiça) à
frente, são contrários à idéia. Outros, como Paulo
Bernardo (Planejamento), defendem a abertura como solução para a Infraero desde muito antes do acidente em Congonhas. Nelson Jobim (Defesa), que até
agora assumiu posições coincidentes com as do governador José Serra (PSDB), ainda não deu seu veredicto. Serra é totalmente contrário à proposta.
O homem. A árida busca
do governo por um nome para
a Infraero se volta agora para
Sérgio Gaudenzi, presidente
da Agência Espacial Brasileira. Indicado pelo PSB, foi deputado com Nelson Jobim.
Nem pensar. Dois motivos levam a Aeronáutica a não
querer ouvir falar em Airton
Soares no comando da Infraero: o trabalho do ex-deputado
petista na comissão de reestruturação da estatal e sua defesa da desmilitarização do
controle do tráfego aéreo.
Plumagem. Dirigentes do
PT tiveram de dissuadir o colega Valter Pomar de incluir
em resolução da Executiva da
sigla trecho em que chamava
Nelson Jobim, nomeado por
Lula, de "ministro tucano".
Anticlímax. O frissom que
tomou conta da CPI do Apagão com os dados das caixas-pretas do Airbus da TAM sofrerá duas duchas de água fria.
Os deputados não devem ouvir os diálogos da cabine (o áudio só pode ser aberto com um
programa de computador que
a CPI não tem). Além disso, a
transcrição está em inglês.
Lotação... A Aeronáutica investiga se a presença de quatro pessoas na cabine de comando contribuiu de alguma
forma para o acidente. A TAM
confirma que, além dos dois
comandantes, havia ali dois
"tripulantes técnicos".
...esgotada. Para a FAB, a
presença de outros pilotos na
cabine contraria regras de segurança. A empresa diz que
eram um piloto e um co-piloto, que não teriam participado
da condução da aeronave.
Na mira. A investigação da
Aeronáutica levanta ainda as
condições de trabalho na
TAM. Há relatos de horas-extras em excesso e de muitos
pedidos pós-acidente.
Termômetro. Levantamento telefônico feito pelo
Ipespe em SP detectou pequeno recuo na avaliação do
governo Lula no Estado pós-tragédia em Congonhas: 33%
o consideram ruim ou péssimo (eram 25% em junho);
30%, regular (37% antes). A
taxa de ótimo/bom ficou estável (36% agora, 37% antes).
Anzol. Em Cuiabá, Lula cutucou a área ambiental do governo. Disse que recebeu convite do governador Blairo
Maggi para pescar. Por não ter
"carteirinha" do Ibama, recusou. Temia ser considerado
"pescador clandestino".
Agenda. Do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), da CPI
do Apagão Aéreo: "Vamos ver
quem o presidente Lula vai
receber primeiro: os medalhistas do Pan ou as famílias
das vítimas do acidente".
Interpelado. O deputado
estadual Rui Falcão (PT) enviou pedido de esclarecimentos ao presidente da OAB-SP,
Luiz Flavio D'Urso, sobre o
movimento "Cansei", lançado
pela entidade. A depender do
conteúdo das respostas, o material servirá de base a ação
popular contra a campanha.
Aldeia global. O ministro
Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) vai ao Mato
Grosso no dia 11 inaugurar
três quiosques com computadores ligados à internet no
Parque Nacional do Xingu. O
evento ocorrerá durante a
abertura da festa do Quarup.
Tiroteio
"A quem diz "Cansei" e a quem diz "Cansamos",
um aviso: tirem férias, mas evitem aeroportos."
De ANTONIO ROGÉRIO MAGRI, ministro do Trabalho no governo Collor
e hoje consultor sindical, sobre o movimento lançado pela OAB-SP com
o apoio de empresários e o outro, de reação, anunciado pela CUT.
Contraponto
Fim de papo
Antonio Carlos Magalhães tinha por hábito criticar José Sarney, seu amigo ao longo de décadas, por fazer política sem bater de frente com ninguém.
-Você escuta tudo calado!-, protestava o baiano.
De nada adiantavam as ponderações de Sarney: sempre
que podia, ACM -morto no dia 20 passado aos 79 anos-
insistia em aconselhá-lo a partir para cima dos adversários. Certa vez, cansado da conversa, o senador resolveu
experimentar o tom agressivo justamente com o colega:
-Antonio Carlos, você tem o seu temperamento, e eu
tenho o meu. O meu deve ser melhor do que o seu, porque
eu já fui presidente da República, e você, não!
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