São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Pomo da discórdia

Muito mais do que a construção de um novo aeroporto em São Paulo ou o acréscimo de uma terceira pista em Cumbica, o item da agenda de combate à crise aérea que mais divide opiniões dentro do governo é a proposta de abertura do capital da Infraero.
Alguns ministros petistas, Tarso Genro (Justiça) à frente, são contrários à idéia. Outros, como Paulo Bernardo (Planejamento), defendem a abertura como solução para a Infraero desde muito antes do acidente em Congonhas. Nelson Jobim (Defesa), que até agora assumiu posições coincidentes com as do governador José Serra (PSDB), ainda não deu seu veredicto. Serra é totalmente contrário à proposta.

O homem. A árida busca do governo por um nome para a Infraero se volta agora para Sérgio Gaudenzi, presidente da Agência Espacial Brasileira. Indicado pelo PSB, foi deputado com Nelson Jobim.

Nem pensar. Dois motivos levam a Aeronáutica a não querer ouvir falar em Airton Soares no comando da Infraero: o trabalho do ex-deputado petista na comissão de reestruturação da estatal e sua defesa da desmilitarização do controle do tráfego aéreo.

Plumagem. Dirigentes do PT tiveram de dissuadir o colega Valter Pomar de incluir em resolução da Executiva da sigla trecho em que chamava Nelson Jobim, nomeado por Lula, de "ministro tucano".

Anticlímax. O frissom que tomou conta da CPI do Apagão com os dados das caixas-pretas do Airbus da TAM sofrerá duas duchas de água fria. Os deputados não devem ouvir os diálogos da cabine (o áudio só pode ser aberto com um programa de computador que a CPI não tem). Além disso, a transcrição está em inglês.

Lotação... A Aeronáutica investiga se a presença de quatro pessoas na cabine de comando contribuiu de alguma forma para o acidente. A TAM confirma que, além dos dois comandantes, havia ali dois "tripulantes técnicos".

...esgotada. Para a FAB, a presença de outros pilotos na cabine contraria regras de segurança. A empresa diz que eram um piloto e um co-piloto, que não teriam participado da condução da aeronave.

Na mira. A investigação da Aeronáutica levanta ainda as condições de trabalho na TAM. Há relatos de horas-extras em excesso e de muitos pedidos pós-acidente.

Termômetro. Levantamento telefônico feito pelo Ipespe em SP detectou pequeno recuo na avaliação do governo Lula no Estado pós-tragédia em Congonhas: 33% o consideram ruim ou péssimo (eram 25% em junho); 30%, regular (37% antes). A taxa de ótimo/bom ficou estável (36% agora, 37% antes).

Anzol. Em Cuiabá, Lula cutucou a área ambiental do governo. Disse que recebeu convite do governador Blairo Maggi para pescar. Por não ter "carteirinha" do Ibama, recusou. Temia ser considerado "pescador clandestino".

Agenda. Do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), da CPI do Apagão Aéreo: "Vamos ver quem o presidente Lula vai receber primeiro: os medalhistas do Pan ou as famílias das vítimas do acidente".

Interpelado. O deputado estadual Rui Falcão (PT) enviou pedido de esclarecimentos ao presidente da OAB-SP, Luiz Flavio D'Urso, sobre o movimento "Cansei", lançado pela entidade. A depender do conteúdo das respostas, o material servirá de base a ação popular contra a campanha.

Aldeia global. O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) vai ao Mato Grosso no dia 11 inaugurar três quiosques com computadores ligados à internet no Parque Nacional do Xingu. O evento ocorrerá durante a abertura da festa do Quarup.

Tiroteio

"A quem diz "Cansei" e a quem diz "Cansamos", um aviso: tirem férias, mas evitem aeroportos."


De ANTONIO ROGÉRIO MAGRI, ministro do Trabalho no governo Collor e hoje consultor sindical, sobre o movimento lançado pela OAB-SP com o apoio de empresários e o outro, de reação, anunciado pela CUT.

Contraponto

Fim de papo

Antonio Carlos Magalhães tinha por hábito criticar José Sarney, seu amigo ao longo de décadas, por fazer política sem bater de frente com ninguém.
-Você escuta tudo calado!-, protestava o baiano.
De nada adiantavam as ponderações de Sarney: sempre que podia, ACM -morto no dia 20 passado aos 79 anos- insistia em aconselhá-lo a partir para cima dos adversários. Certa vez, cansado da conversa, o senador resolveu experimentar o tom agressivo justamente com o colega:
-Antonio Carlos, você tem o seu temperamento, e eu tenho o meu. O meu deve ser melhor do que o seu, porque eu já fui presidente da República, e você, não!


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