São Paulo, sábado, 01 de agosto de 2009

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Sarney diz que paga "preço elevado demais"

Presidente do Senado tem afirmado à cúpula do PMDB que pode superar a crise, mas já dá sinais de que pensa em deixar o cargo

A aliados, Lula repetiu que a saída de Sarney é "péssima" para o governo, mas se a crise seguir no ritmo atual terá de buscar "alternativas"


VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nos últimos dias, reservadamente, que "o preço [que está pagando pela crise] está elevado demais", num sinal lido por aliados de que ele está refletindo mais seriamente sobre a hipótese de renunciar ao cargo.
À cúpula de seu partido, contudo, o senador continua garantindo que irá enfrentar a crise no cargo e acredita ter condições de superá-la.
Nos próximos dias Sarney vai discutir seu futuro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda defende sua permanência no comando da Casa. O próprio Lula, porém, também passou a avaliar que a crise "foi longe demais". Em conversa com petistas, Lula comentou que Sarney está sofrendo muito e talvez seja a hora de o senador "se livrar desse sofrimento".
O comentário de Lula, segundo assessores, indica que ele avalia que Sarney resiste às pressões para deixar o cargo mais em nome de seu partido. Parentes de Sarney estão pressionando pela sua saída, mas a cúpula do PMDB trabalha para convencê-lo a ficar no cargo.
A aliados, Lula repetiu que a saída de Sarney é "péssima" para o governo, mas se a crise seguir no ritmo atual será necessário "procurar alternativas" -leia-se: buscar um nome de consenso para sucedê-lo. Até aqui, o mais comentado é o de Francisco Dornelles (PP-RJ).
Anteontem, Lula mudou o tom de seus discursos sobre a crise: "Não é problema meu". Segundo assessores, Lula não pretende abandonar o peemedebista, mas avalia que deve ser mais econômico nas palavras. O governo teme se desgastar.
O petista está disposto a continuar trabalhando nos bastidores em defesa do aliado caso ele decida ficar na Presidência do Senado. Um amigo de Lula comentou que ele sempre demonstra uma grande preocupação em "preservar" Sarney.
Nos últimos dias, o presidente do Senado, na avaliação de peemedebistas e amigos, tem se mostrado "desanimado e decepcionado", numa atitude de quem estaria prestes a "jogar o chapéu". Diz estar arrependido de ter disputado o cargo.
Sarney insiste que, se for obrigado a enfrentar processo por quebra de decoro, outros senadores também devem ter o mesmo destino. Ele se queixa da oposição. Diz não entender as reações dos tucanos à decisão de seu partido de entrar com representação contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio, no Conselho de Ética: "Contra mim, pode. Contra eles, não?"
Sarney esteve na última semana envolvido com as questões de saúde de sua mulher, Marly Sarney, 77, que sofreu um acidente em sua casa, no Maranhão. Ontem ela deixou o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde foi submetida a uma cirurgia no ombro, mas deve permanecer em São Paulo, na companhia do marido, para continuar o tratamento.


Colaborou a Reportagem Local


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