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Sarney diz que paga "preço elevado demais"
Presidente do Senado tem afirmado à cúpula do PMDB que pode superar a crise, mas já dá sinais de que pensa em deixar o cargo
A aliados, Lula repetiu que a saída de Sarney é "péssima" para o governo, mas se a crise seguir no ritmo atual terá de buscar "alternativas"
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), disse nos
últimos dias, reservadamente,
que "o preço [que está pagando
pela crise] está elevado demais", num sinal lido por aliados de que ele está refletindo
mais seriamente sobre a hipótese de renunciar ao cargo.
À cúpula de seu partido, contudo, o senador continua garantindo que irá enfrentar a
crise no cargo e acredita ter
condições de superá-la.
Nos próximos dias Sarney vai
discutir seu futuro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que ainda defende sua permanência no comando da Casa. O
próprio Lula, porém, também
passou a avaliar que a crise "foi
longe demais". Em conversa
com petistas, Lula comentou
que Sarney está sofrendo muito
e talvez seja a hora de o senador
"se livrar desse sofrimento".
O comentário de Lula, segundo assessores, indica que ele
avalia que Sarney resiste às
pressões para deixar o cargo
mais em nome de seu partido.
Parentes de Sarney estão pressionando pela sua saída, mas a
cúpula do PMDB trabalha para
convencê-lo a ficar no cargo.
A aliados, Lula repetiu que a
saída de Sarney é "péssima" para o governo, mas se a crise seguir no ritmo atual será necessário "procurar alternativas"
-leia-se: buscar um nome de
consenso para sucedê-lo. Até
aqui, o mais comentado é o de
Francisco Dornelles (PP-RJ).
Anteontem, Lula mudou o
tom de seus discursos sobre a
crise: "Não é problema meu".
Segundo assessores, Lula não
pretende abandonar o peemedebista, mas avalia que deve ser
mais econômico nas palavras.
O governo teme se desgastar.
O petista está disposto a continuar trabalhando nos bastidores em defesa do aliado caso
ele decida ficar na Presidência
do Senado. Um amigo de Lula
comentou que ele sempre demonstra uma grande preocupação em "preservar" Sarney.
Nos últimos dias, o presidente do Senado, na avaliação de
peemedebistas e amigos, tem
se mostrado "desanimado e decepcionado", numa atitude de
quem estaria prestes a "jogar o
chapéu". Diz estar arrependido
de ter disputado o cargo.
Sarney insiste que, se for
obrigado a enfrentar processo
por quebra de decoro, outros
senadores também devem ter o
mesmo destino. Ele se queixa
da oposição. Diz não entender
as reações dos tucanos à decisão de seu partido de entrar
com representação contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio,
no Conselho de Ética: "Contra
mim, pode. Contra eles, não?"
Sarney esteve na última semana envolvido com as questões de saúde de sua mulher,
Marly Sarney, 77, que sofreu
um acidente em sua casa, no
Maranhão. Ontem ela deixou o
Hospital Sírio-Libanês, em São
Paulo, onde foi submetida a
uma cirurgia no ombro, mas
deve permanecer em São Paulo, na companhia do marido,
para continuar o tratamento.
Colaborou a Reportagem Local
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