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CNJ vai abrir suas contas para dar o exemplo
Conselho que disciplina o Judiciário vai divulgar seus gastos com salários, contratos de serviços e diárias de viagem na internet
CNJ tem hoje orçamento de R$ 122 mi; ministro Gilmar Mendes diz que medida visa estimular a adoção dessa prática por outros tribunais
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O CNJ (Conselho Nacional
de Justiça), órgão de controle
administrativo e disciplinar do
Poder Judiciário, vai tornar públicas sua despesas na internet.
Serão divulgados os gastos
com salários, contratos de serviços e diárias de viagem, entre
outros. O nome dos servidores
do CNJ e suas remunerações,
porém, não serão informadas.
Instalado em 2005 após a
promulgação da Lei de Reforma do Judiciário, o CNJ hoje
conta com 15 conselheiros, 11
juízes auxiliares e 160 servidores. O orçamento de 2009 da
instituição é de R$ 122 milhões.
Além de dar transparência às
contas do órgão, a medida visa
estimular a adoção da prática
por outros tribunais do país, segundo o ministro Gilmar Mendes, presidente do CNJ e do
STF (Supremo Tribunal Federal). "Quem está preconizando
o controle nos tribunais também tem que revelar como faz
os seus controles", disse.
A divulgação deve ser oficializada na próxima semana, por
meio da edição de uma portaria, de acordo com a assessoria
de imprensa do CNJ.
O presidente do CNJ disse
que a divulgação dos nomes dos
servidores e suas remunerações não serão fornecidas ao
público principalmente por
motivos de segurança.
"É preciso que nós levemos
em conta todos os aspectos envolvidos. Não podemos fazer
um modelo hermético, que depois os senhores digam "não
serviu para nada, não serve para controle", mas para que se
saiba quanto se gasta com diárias, com passagens, com vencimentos e gratificações", afirmou o presidente do CNJ.
Mendes disse que problemas
de transparência foram detectados nas inspeções que a Corregedoria Geral do CNJ, presidida pelo ministro Gilson Dipp,
tem feito nos Tribunais de Justiça nos Estados. "Nós temos
verificado nas inspeções que
temos problemas graves no que
concerne aos gastos dos recursos públicos no âmbito do Poder Judiciário. Eu acredito que
parte disto se deva à falta de
transparência e à falta de publicidade, que levam a uma falta
de controle", afirmou.
O magistrado chamou a atenção para a necessidade de
acompanhar de perto principalmente as despesas com recursos humanos nas cortes do
país: "Com o "Justiça em Números" [pesquisa anual sobre a
estrutura do Poder Judiciário],
verificamos que o Judiciário
gasta muito com pessoal e não
sobram recursos para investimentos. Alguns tribunais estão
em uma faixa de desespero,
com 99% de gastos com pessoal, e não têm nada para informática e custeios básicos".
Mendes encerrou ontem
uma visita de dois dias a São
Paulo para discutir formas de
acelerar o julgamento de processos no TJ de São Paulo, o
maior tribunal do país.
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