São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Para Lula, só "fator extraterrestre" o impedirá de cumprir promessas

Presidente diz que não economizará esforços para implantar o que anunciou na campanha de 2002

Candidato petista defende Bolsa-Família e ataca política educacional de São Paulo e decisão da Justiça Eleitoral em evento no DF


EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso institucional ontem num congresso sobre educação em direitos humanos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou a legislação eleitoral, ironizou a qualidade da educação oferecida pelo governo tucano de São Paulo e disse que só "fatores extraterrestres" podem impedi-lo de cumprir os compromissos que assumiu na campanha de 2002.
"Possivelmente, eu tenho até dúvidas se a gente conseguirá fazer tudo, mas de uma coisa vocês podem ter certeza: não será por falta de esforço, não será por falta de compromisso e não será por falta de lealdade aos princípios que me fizeram chegar à Presidência da República que nós não vamos cumprir", disse Lula, para a seguir dizer que só "fatores extraterrestres" podem impedi-lo.
"Se a gente não cumprir, é porque teve fatores extraterrestres, que não permitiram que nós cumpríssemos. Mas a disposição é fazer com que o Brasil se transforme, definitivamente, num país altamente civilizado na questão dos direitos humanos, na questão da qualidade da educação, porque só a educação é que vai, num futuro muito próximo, fazer com que a gente gaste menos em Febem, menos em cadeia e mais em computador, em sala de aula, em salário dos professores", disse ele, para uma platéia de cerca de 600 educadores.
Por meia hora, Lula alternou trechos lidos e de improviso. Provocou riso entre os presentes ao repetir a história de que os nordestinos arrastam os pés para dançar xaxado para não cansar e ao dizer que conquistas dependem não só de leis, mas também do "aperfeiçoamento da qualidade democrática da nossa massa encefálica".
Ao pegar o gancho de educação e direitos humanos, Lula encampou um tom eleitoral em sua fala, saindo, por exemplo, em defesa do Bolsa-Família. "Quando criamos o programa Fome Zero, não faltaram os que escreveram: "Está dando dinheiro para pobre, deveria estar fazendo estradas". Como se um metro quadrado de asfalto fosse mais importante que a vida de um homem, de uma mulher ou de uma criança."
O presidente chamou de "insensíveis" aqueles que, em 2003, criticaram a criação de pastas de Igualdade Racial, Políticas para as Mulheres e Direitos Humanos. A seguir, atacou a Justiça Eleitoral. A crítica veio no momento em que citou a dificuldade encontrada para divulgar a Olimpíada Brasileira da Matemática. "Pasmem, estamos num ano eleitoral, e a Justiça Eleitoral proibiu que fizéssemos um cartaz para colocar nas escolas, convidando as crianças, outra vez, para se inscreverem na Olimpíada."
Com o tema de educação em destaque, Lula aproveitou para criticar o modelo tucano de ensino no Estado de São Paulo. "Estados importantes não participaram [de teste completo de alunos da rede pública]. São Paulo, por exemplo, não participou, possivelmente, com medo que a gente detectasse que a propaganda da qualidade da educação não fosse tão boa quanto se dizia. Não participou, a gente não conseguiu aferir. Mas aí teve a participação do estado no Enem, e o maior Estado da Federação, o mais rico, ficou em oitavo lugar, significando que, em termos de educação, nós estamos precisando melhorar muito o país."


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