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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Para Lula, só "fator extraterrestre" o impedirá de cumprir promessas
Presidente diz que não economizará esforços para implantar o que anunciou na campanha de 2002
Candidato petista defende Bolsa-Família e ataca política educacional de São Paulo e decisão da Justiça Eleitoral em evento no DF
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso institucional
ontem num congresso sobre
educação em direitos humanos, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva atacou a legislação
eleitoral, ironizou a qualidade
da educação oferecida pelo governo tucano de São Paulo e
disse que só "fatores extraterrestres" podem impedi-lo de
cumprir os compromissos que
assumiu na campanha de 2002.
"Possivelmente, eu tenho até
dúvidas se a gente conseguirá
fazer tudo, mas de uma coisa
vocês podem ter certeza: não
será por falta de esforço, não
será por falta de compromisso e
não será por falta de lealdade
aos princípios que me fizeram
chegar à Presidência da República que nós não vamos cumprir", disse Lula, para a seguir
dizer que só "fatores extraterrestres" podem impedi-lo.
"Se a gente não cumprir, é
porque teve fatores extraterrestres, que não permitiram
que nós cumpríssemos. Mas a
disposição é fazer com que o
Brasil se transforme, definitivamente, num país altamente
civilizado na questão dos direitos humanos, na questão da
qualidade da educação, porque
só a educação é que vai, num futuro muito próximo, fazer com
que a gente gaste menos em Febem, menos em cadeia e mais
em computador, em sala de aula, em salário dos professores",
disse ele, para uma platéia de
cerca de 600 educadores.
Por meia hora, Lula alternou
trechos lidos e de improviso.
Provocou riso entre os presentes ao repetir a história de que
os nordestinos arrastam os pés
para dançar xaxado para não
cansar e ao dizer que conquistas dependem não só de leis,
mas também do "aperfeiçoamento da qualidade democrática da nossa massa encefálica".
Ao pegar o gancho de educação e direitos humanos, Lula
encampou um tom eleitoral em
sua fala, saindo, por exemplo,
em defesa do Bolsa-Família.
"Quando criamos o programa
Fome Zero, não faltaram os que
escreveram: "Está dando dinheiro para pobre, deveria estar fazendo estradas". Como se
um metro quadrado de asfalto
fosse mais importante que a vida de um homem, de uma mulher ou de uma criança."
O presidente chamou de "insensíveis" aqueles que, em
2003, criticaram a criação de
pastas de Igualdade Racial, Políticas para as Mulheres e Direitos Humanos. A seguir, atacou
a Justiça Eleitoral. A crítica
veio no momento em que citou
a dificuldade encontrada para
divulgar a Olimpíada Brasileira
da Matemática. "Pasmem, estamos num ano eleitoral, e a
Justiça Eleitoral proibiu que fizéssemos um cartaz para colocar nas escolas, convidando as
crianças, outra vez, para se inscreverem na Olimpíada."
Com o tema de educação em
destaque, Lula aproveitou para
criticar o modelo tucano de ensino no Estado de São Paulo.
"Estados importantes não participaram [de teste completo de
alunos da rede pública]. São
Paulo, por exemplo, não participou, possivelmente, com medo que a gente detectasse que a
propaganda da qualidade da
educação não fosse tão boa
quanto se dizia. Não participou,
a gente não conseguiu aferir.
Mas aí teve a participação do
estado no Enem, e o maior Estado da Federação, o mais rico,
ficou em oitavo lugar, significando que, em termos de educação, nós estamos precisando
melhorar muito o país."
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