São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2006

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CPI lista 60 prefeitos que receberam propina

ADRIANO CEOLIN
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento divulgado ontem pela CPI dos Sanguessugas revela que 60 prefeitos teriam recebido mais de R$ 750 mil como propina para compras fraudadas de ambulâncias das empresas do grupo Planam.
O material foi feito com base no cruzamento de emendas parlamentares, convênios firmados com o Ministério da Saúde e depoimentos de Luiz Antonio Trevisan Vedoin à Justiça Federal e à CPI.
Com 97 gráficos, o material mostra a relação entre as 60 prefeituras e 37 parlamentares que teriam recebido propina por meio de depósitos em suas contas bancárias, de parentes ou assessores de gabinete.
Os gráficos indicam que das 60 prefeituras, 40 receberam ambulâncias de fato e 21 foram atendidas graças a emendas apresentadas pelos 37 parlamentares contra os quais a CPI diz ter provas contundentes.
O material foi divulgado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), subrelator da CPI. Segundo ele, ainda não foi feito juízo de valor sobre os gráficos. "São indícios que serão utilizados para investigar o poder Executivo", disse.
Com 18 nomes, o PMDB lidera a lista de prefeitos que teriam recebido propina da Planam, de acordo com Luiz Antonio Vedoin. O PFL vem em segundo lugar, com 12. Em terceiro, aparecem juntos o PDT e PTB, com cinco cada um.
O Mato Grosso -onde fica a sede da Planam- é o Estado com maior número de prefeituras que estariam envolvidas no esquema, 11, entre elas Nova Marilândia, comandada por José Aparecido dos Santos (PFL), que teria recebido o valor mais alto: R$ 125,4 mil.
Além de apresentar os gráficos, o deputado Carlos Sampaio afirmou ter encontrado uma planilha nos arquivos da Planam que sugere a ação do grupo em ministérios.
A planilha mostra uma lista de emendas apresentadas pelo deputado Lino Rossi (PP-MT) com valores totais e de percentuais de 10% que serviriam para pagamento de propinas.
Junto com os números e o nome de Rossi, são citadas palavras que podem ser relacionadas a ministérios da Agricultura, do Esporte e Ação Social, pastas que ainda não são investigadas pela CPI.
Até a tarde de ontem, o Conselho de Ética da Câmara só havia notificado 22 dos 67 parlamentares que respondem a processo de cassação.
Luiz Antonio Trevisan Vedoin prestou ontem um novo depoimento, por cerca de dez horas, à Polícia Federal para dar mais detalhes sobre a sua relação com 84 parlamentares que têm inquéritos abertos pelo Supremo por suposto envolvimento na máfia sanguessuga.
Segundo advogado dele, Otto Medeiros de Azevedo Júnior, "apenas 40%" do trabalho foi executado. Sete delegados deveriam ter interrogado Luiz Antonio ontem, mas apenas três conseguiram fazê-lo.
Por conta disso, o empresário voltará a ser interrogado na semana que vem.


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