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CPI lista 60 prefeitos que receberam propina
ADRIANO CEOLIN
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Levantamento divulgado ontem pela CPI dos Sanguessugas
revela que 60 prefeitos teriam
recebido mais de R$ 750 mil como propina para compras fraudadas de ambulâncias das empresas do grupo Planam.
O material foi feito com base
no cruzamento de emendas
parlamentares, convênios firmados com o Ministério da
Saúde e depoimentos de Luiz
Antonio Trevisan Vedoin à
Justiça Federal e à CPI.
Com 97 gráficos, o material
mostra a relação entre as 60
prefeituras e 37 parlamentares
que teriam recebido propina
por meio de depósitos em suas
contas bancárias, de parentes
ou assessores de gabinete.
Os gráficos indicam que das
60 prefeituras, 40 receberam
ambulâncias de fato e 21 foram
atendidas graças a emendas
apresentadas pelos 37 parlamentares contra os quais a CPI
diz ter provas contundentes.
O material foi divulgado pelo
deputado Carlos Sampaio
(PSDB-SP), subrelator da CPI.
Segundo ele, ainda não foi feito
juízo de valor sobre os gráficos.
"São indícios que serão utilizados para investigar o poder
Executivo", disse.
Com 18 nomes, o PMDB lidera a lista de prefeitos que teriam recebido propina da Planam, de acordo com Luiz Antonio Vedoin. O PFL vem em segundo lugar, com 12. Em terceiro, aparecem juntos o PDT e
PTB, com cinco cada um.
O Mato Grosso -onde fica a
sede da Planam- é o Estado
com maior número de prefeituras que estariam envolvidas no
esquema, 11, entre elas Nova
Marilândia, comandada por José Aparecido dos Santos (PFL),
que teria recebido o valor mais
alto: R$ 125,4 mil.
Além de apresentar os gráficos, o deputado Carlos Sampaio afirmou ter encontrado
uma planilha nos arquivos da
Planam que sugere a ação do
grupo em ministérios.
A planilha mostra uma lista
de emendas apresentadas pelo
deputado Lino Rossi (PP-MT)
com valores totais e de percentuais de 10% que serviriam para
pagamento de propinas.
Junto com os números e o
nome de Rossi, são citadas palavras que podem ser relacionadas a ministérios da Agricultura, do Esporte e Ação Social,
pastas que ainda não são investigadas pela CPI.
Até a tarde de ontem, o Conselho de Ética da Câmara só havia notificado 22 dos 67 parlamentares que respondem a
processo de cassação.
Luiz Antonio Trevisan Vedoin prestou ontem um novo
depoimento, por cerca de dez
horas, à Polícia Federal para
dar mais detalhes sobre a sua
relação com 84 parlamentares
que têm inquéritos abertos pelo Supremo por suposto envolvimento na máfia sanguessuga.
Segundo advogado dele, Otto
Medeiros de Azevedo Júnior,
"apenas 40%" do trabalho foi
executado. Sete delegados deveriam ter interrogado Luiz
Antonio ontem, mas apenas
três conseguiram fazê-lo.
Por conta disso, o empresário voltará a ser interrogado na
semana que vem.
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