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Processo a ministro do STF será inédito
Eros Grau já escolheu até advogado, José Gerardo Grossi, para processar por calúnia o colega Ricardo Lewandowski
Em troca de mensagens, Lewandowski insinuou que Grau absolveria acusados e, em troca, Direito seria nomeado ministro por Lula
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Eros Grau decidiu que vai processar, por crime de calúnia, seu colega de
STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, e já
escalou o advogado José Gerardo Grossi, ministro do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral),
para representá-lo, segundo a
Folha apurou. Se a ação for levada adiante, será a primeira
vez na história do tribunal que
um ministro processa o outro.
Em mensagem eletrônica
trocada com a ministra Cármen Lúcia, revelada pelo Globo, Lewandowski sugeriu que
Grau iria rejeitar a denúncia
contra os 40 acusados do mensalão em troca da indicação, pelo governo, de Carlos Alberto
Direito ao STF. Mas Grau acolheu a denúncia.
Procurado ontem pela Folha, Grau sinalizou que está
disposto a levar a briga para o
tribunal ao ser perguntado se
iria interpelar o colega. "Não é
preciso interpelação em processo de calúnia, vai direto."
Ele também afirmou que
"não falou" com Lewandowski
depois do episódio. "Não trocamos uma palavra." Em entrevistas ontem, no entanto, Lewandowski disse que "já" falou
com o colega para se explicar.
O crime de calúnia prescreve
em seis meses. A pena vai de
seis meses a dois anos de prisão
e multa. É o próprio STF quem
julgará o caso, sem a participação dos dois envolvidos.
Interlocutores do ministro
Eros Grau revelaram que a intenção do magistrado não é ingressar com a ação neste momento. Grau fará uma cirurgia
e só depois tratará do caso, o
que prolonga o constrangimento de Lewandowski.
Procurado em seu gabinete, a
assessora de Lewandowski informou que ele foi à Suíça para
participar de um evento.
Grau informou ontem que
não pretende processar Cármen Lúcia porque a imputação
de crime foi de Lewandowski.
Depois do episódio da troca
de mensagem, Lewandowski
foi flagrado pela Folha em conversa telefônica com seu irmão
na qual disse que no julgamento do mensalão os ministros
"votaram com a faca no pescoço" e que a tendência era "amaciar" para Dirceu. As afirmações foram condenadas pelos
ministros do STF. Em meio a
crise, surgiu a idéia de se fazer
um jantar para acalmar os ânimos. Um ministro disse que
não quer se "misturar".
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