São Paulo, segunda-feira, 01 de setembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Juntos contra o grampo

A revelação de uma conversa ilegalmente gravada de Gilmar Mendes teve o efeito de unir os ministros em torno de um tema que, até a semana passada, provocava reações mistas no STF. O maior sintoma dessa mudança veio de Carlos Ayres Britto. Antes expoente da ala menos alarmada com as suspeitas de grampo no tribunal, ele subiu o tom. "Não se sabe qual é a real inspiração dessa prática ilícita", disse. "Trata-se de curiosidade mórbida, coleta de material para eventual chantagem ou mero passatempo de colegas cada vez mais delirantes com a tecnologia da interceptação clandestina?". Britto foi um dos primeiros ministros a telefonar para o colega, no sábado, e a aconselhá-lo a cancelar a viagem de trabalho para tratar do assunto.

Extremo. "O ministro Gilmar tem o nosso apoio irrestrito", diz Marco Aurélio Mello. "O presidente da República terá que atuar. Só alguém com sua autoridade pode frear o que está acontecendo."

Reação. Segundo Demóstenes Torres (DEM-GO), grampeado em conversas com Mendes, o Congresso deverá reativar uma comissão mista para acompanhar atividades de inteligência, formada pelos líderes do governo e da minoria na Câmara e no Senado e os presidentes das Casas.

Ah, bom... De Paulo Lacerda (Abin), na CPI dos Grampos, sobre escutas no STF: "Penso ser inaceitável que se aventurem em reportagem sem nenhuma base em fatos ou se lancem meras ilações, e mesmo suposições fundadas em meias verdades".

Pré-selo. O marketing da primeira extração de petróleo pré-sal, amanhã, em Vitória, inclui o lançamento de um selo especial dos Correios com a imagem do navio onde está a plataforma Juscelino Kubitschek e o carimbo "pré-sal".

Recauchutagem. O ministro José Múcio, que há alguns anos se submeteu a um tratamento de implante capilar, agora aposentou os óculos depois de uma cirurgia de miopia, há menos de um mês.

Quatro rodas. A vice-presidência da República publicou edital para a compra de duas camionetes e de dois carros modelo sedan, pelo valor total de R$ 180 mil.

Flagra. Lula foi surpreendido no ABC quando o locutor anunciou sua chegada ao comício de Luiz Marinho (PT) em São Bernardo. O presidente fumava cigarrilha escondido, atrás do palco, mas imediatamente uma câmera lançou sua imagem num telão. Aliás, Lula voltará à região, dia 20, para comício em Mauá.

Com gás 1. Oficialmente, o PT não fixou número de prefeitos a eleger neste ano. Quer evitar o mico de 2004, quando Silvio Pereira previu mil, e no final foram pouco mais de 400. Mas o tesoureiro Paulo Ferreira já fala em dobrar o número de cidades.

Com gás 2. Até o sempre discreto Luiz Dulci (Secretaria Geral) arriscou projeção: em Minas, onde o PT administra 80 municípios, chegará a cem. Isso porque o partido, à revelia do ministro, abriu mão de ter candidato em BH.

Diversidade. Geraldo Alckmin (PSDB) adotará uma agenda temática por semana, para públicos segmentados. Começa nesta quarta-feira, em encontro com a Associação GLTB (Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais) para falar da Parada Gay.

Dianteira. Pesquisa do Instituto Futura à Prefeitura de Vitória (ES), divulgada ontem pelo jornal "A Gazeta", mostra o candidato à reeleição João Coser (PT) com 64,3% das intenções de voto. O segundo é Luciano Rezende (PPS), com 19,3%.

Cartoon. Líder da oposição na Câmara, Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) elabora uma coletânea dos candidatos mais exóticos. No seu Estado, os campeões são Meio Pão, Massa Fina e Boca de Sacola.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Sempre tão ameaçadora, a polícia do stalinista Tarso Genro vira um gatinho quando se trata de investigar os petistas."

Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA), sobre o fato de a Polícia Federal ter alegado que "não conseguiu" grampear os telefones de Romênio Pereira, dirigente do PT investigado na Operação de João Barro.

Contraponto

Sabe com quem está falando?

Na campanha de 1986, José Múcio disputava o governo de Pernambuco com Miguel Arraes, que viria a ganhar a eleição. Certo dia, em Petrolina, o hoje ministro das Relações Institucionais sentiu-se mal após almoço oferecido por prefeitos da região e teve de descer do palanque.
O candidato procurou ajuda no comércio próximo, mas, àquela hora, as lojas estavam todas fechadas. Seus auxiliares resolveram então bater às portas de algumas delas, mas não obtiveram nenhum sucesso.
Diga que é o futuro governador-, recomendou Múcio.
Imediatamente um comerciante apareceu, surpreso:
-Por que o sr. não disse logo que Arraes estava aqui?


Próximo Texto: Lula quer PF na apuração de autoria de grampo no STF
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.