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TCU contesta gasto da festa de posse de Lula
Órgão aponta irregularidade em despesa de R$ 759 mil em aluguel de cadeiras e painéis de isolamento para evento na Esplanada
Ministério da Cultura não se manifestou sobre auditoria; empresa contratada para a festa já foi responsabilizada antes por desvios na Funasa
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Parte dos gastos da festa de
posse do segundo mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em 1º de janeiro de 2007,
foi contestada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Relatório preliminar do órgão aponta irregularidades nas
despesas de R$ 759 mil que se
destinavam a custear atividades culturais realizadas na Esplanada dos Ministérios.
O custo total da festa foi de
R$ 1,7 milhão, pago pela Presidência da República (R$ 178
mil), Partido dos Trabalhadores (R$ 600 mil) e Ministério
da Cultura (R$ 1,08 milhão).
O valor contestado pelo TCU
no relatório ao qual a Folha teve acesso saiu dos cofres da
Cultura -com o consentimento da Secretaria Especial da
Presidência. A empresa responsável pelo serviço foi a
Aplauso, que atua no ramo de
organização de eventos.
Segundo a auditoria, R$ 759
mil gastos com o aluguel de cadeiras estofadas e painéis de
isolamento não estavam previstos na ata de registros de
preço nem foram comprovados
nas notas fiscais apresentadas.
Procurados pela reportagem,
o Ministério da Cultura e a
Aplauso disseram ter ciência
da autoria do TCU, mas informaram que não iriam comentá-la por ainda não terem tido
acesso à investigação.
De acordo com o relatório,
foram contratadas seis mil cadeiras estofadas, ao valor diário
de R$ 8 cada, durante três dias,
ao custo de R$ 144 mil. "Não
aparentou ser razoável a utilização de tamanho quantitativo
de cadeiras, até porque eventos
dessa natureza não costumam
dispor de assentos para os espectadores", diz o documento.
Sobre os painéis (serviço que
custou R$ 615.450), os auditores apontam irregularidades
como: 1) "descrição constante
da proposta da Aplauso destoa
do objeto previsto"; 2) "não estava justificada a necessidade
de 8.206 unidades de painéis
para fixação de pôsteres em
shows musicais".
A Aplauso, portanto, contratou os painéis para serem utilizados como isolamento, incluindo sua montagem e instalação, enquanto a proposta da
empresa previa a "decoração e
sinalização" com serviços de
"jardineiras, arranjos florais,
faixas, banners, prismas, placas
de sinalização e painéis para fixação de pôsteres".
O TCU afirma que procurou
o Ministério da Cultura, mas
que o órgão não deu reposta às
"indagações".
Irregularidades
A Aplauso tem um histórico
de contratos milionários assinados com o governo Lula.
Segundo levantamento da
Folha no Portal da Transparência, o Executivo pagou à empresa, de 2004 até junho deste
ano, R$ 127,1 milhões -o maior
valor repassado foi no ano eleitoral de 2006, R$ 55,4 milhões.
Em investigação da CGU
(Controladoria-Geral da
União), a empresa foi responsabilizada por desvios de R$ 7
milhões em convênios assinados com a Funasa (Fundação
Nacional de Saúde).
Somado ao convênio da festa
de posse, outros dois relatórios
preliminares do TCU concluídos recentemente apontam irregularidades que, juntas, chegam a R$ 2,38 milhões.
Os convênios foram fechados
pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. Os serviços, feitos entre 2006 e 2008, referem-se à especialidade da empresa: organização de eventos.
Procurados, eles informaram
terem conhecimento da auditoria, mas que não iriam comentá-la, pois não acessaram
os relatórios do tribunal.
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