São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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CONTABILIDADE PARTIDÁRIA

TSE solicita novos documentos a grandes partidos e vê alguns pedirem prorrogação de prazo

Contas de siglas em 2003 ainda são analisadas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os grandes partidos políticos do país estão com dificuldade para ver suas contas do ano passado aprovadas pela Justiça Eleitoral.
O Tribunal Superior Eleitoral pediu uma série de documentos adicionais aos grandes partidos, que continuam com suas prestações de conta sob análise. Alguns pediram prorrogação do prazo dado para enviar a resposta.
O PT foi um deles. A legenda entregou sua prestação de contas ao TSE no último mês de abril, mas o órgão técnico do tribunal encontrou problemas e pediu uma série de documentos suplementares.

Exigências ao PT
Entre as exigências feitas pelo TSE ao partido, está a de envio de comprovantes de gastos com "lanches e refeições", com "encontros, convenções e eventos", com "pagamento de pessoal", com "serviços técnicos profissionais", com "rádio e televisão" e com "transportes e viagens".
O PT não conseguiu reunir a documentação no prazo de 30 dias, que venceu no início deste mês, e pediu prorrogação ao tribunal, que acabou concedendo.
O partido afirmou que se reúne hoje com os técnicos da Justiça Eleitoral para apresentar a documentação solicitada. Segundo o TSE, todos os grandes partidos se encontram na mesma situação, como PSDB, PMDB e PFL.
Pela lei, os partidos políticos têm que apresentar até o dia 30 de abril de cada ano a prestação de contas do exercício anterior.
Neste ano, entrou em vigor uma resolução que torna mais rígida as exigências para a aprovação da prestação.
Caso as contas sejam rejeitadas pelo TSE, a legenda tem suspenso por um ano o repasse do Fundo Partidário, que, no caso do PT, somou R$ 24 milhões no ano passado. O valor do repasse é definido de acordo com as bancadas na Câmara dos Deputados.
A Comissão de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias do TSE encontrou ainda uma "possível infração" nas contas do PT relativa ao Fundo Partidário.
O tribunal argumenta que a Executiva Nacional petista descumpriu seu próprio regimento e ficou com uma fatia maior do fundo, em detrimento dos diretórios regionais.
Devido a isso, a Justiça Eleitoral pediu ao PT comprovante autenticado de renúncia, por parte dos diretórios regionais da legenda, do recebimento de sua parte no fundo.
O TSE exige também do partido o comprovante de que destinou R$ 4,8 milhões à Fundação Perseu Abramo. Pela lei, os partidos devem aplicar em suas fundações pelo menos 20% do que recebem a título de Fundo Partidário.
O tesoureiro do PT, Delúbio Soares, afirmou por meio da assessoria de imprensa do partido, que entregará hoje toda a documentação exigida e que considera a situação "normal", já que seria um "procedimento habitual" o pedido de informações complementares por parte do TSE.
De acordo com os números apresentados ao tribunal, o PT fechou 2003 com um déficit de R$ 1,7 milhão. Foram R$ 32,7 milhões de receita e R$ 34,5 milhões de despesas no ano passado.
A contribuição à legenda de parlamentares e filiados que ocupam cargos executivos somou R$ 2,4 milhões, o que representou 7,3% da receita total do partido naquele ano.

PSDB
A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa da Executiva Nacional do PSDB, que enfrenta problema semelhante ao do PT com a Justiça Eleitoral, mas não obteve uma resposta sobre os questionamentos até o fechamento desta edição.
(RANIER BRAGON)


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