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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RUMO A 2006
Prazo para troca-troca partidário termina hoje; PTB e PL inflaram no governo Lula
PMDB encolhe na Câmara e PT volta a ter maior bancada
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Na véspera do vencimento do
prazo para o fim do troca-troca de
políticos entre partidos, o PT recuperou ontem o status de maior
bancada da Câmara, com 83 integrantes, superando o PMDB, que
perdeu nove deputados, ficando
com 79 parlamentares.
O quadro, entretanto, ainda deverá sofrer alterações. Até a noite
de ontem, alguns deputados permaneciam sem legenda, negociando filiações de última hora.
Hoje encerra-se o prazo para que
os políticos se filiem aos partidos
pelos quais pretendem disputar
as eleições do ano que vem.
Na esteira da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em 2002, o PT elegeu 91 deputados e manteve a maior bancada
da Câmara até a semana passada,
quando foi superado durante curto período pelo PMDB.
No total, sete deputados deixaram o PT nas últimas semanas, a
maioria motivada pelo desgaste
da crise política. Cinco deles foram para o PSOL, dissidência petista de extrema esquerda, e dois
para o PDT, entre eles Miro Teixeira (RJ), ex-líder do governo na
Câmara e ex-ministro de Lula.
"A maioria das perdas que tivemos já era previsível. A bancada
agora vai se reunificar para continuar como principal pilar de
apoio ao governo", disse o líder
do PT, Henrique Fontana (RS).
Outra importante baixa petista
foi o senador Cristovam Buarque,
ex-governador do Distrito Federal, que chegou a chefiar o Ministério da Educação no primeiro
ano do governo Lula.
No caso do PMDB, que na semana passada tinha 88 deputados, mesmo com a saída de 9, o
partido tem hoje uma bancada
superior à da eleição, quando fez
75 deputados.
A maioria dos peemedebistas
que se desfiliaram nos últimos
dias é do Rio de Janeiro, como José Divino e Vieira Reis, que foram
para o recém-criado PMR, ligado
à Igreja Universal, e Josias Quintal, que entrou no PSB.
Os peemedebistas descontentes
argumentaram estar sem espaço
na sigla devido a divergências
com Garotinho, que almeja concorrer à Presidência da República
nas eleições do próximo ano. "Fiquei sem espaço no partido e fui
vítima de perseguição odiosa do
grupo do Garotinho. Ameaçaram
não me dar legenda no ano que
vem porque não sigo cegamente
suas ordens", disse Divino.
Como contrapartida às baixas, o
PMDB conseguiu filiações importantes, como a do ex-ministro
Delfim Netto (SP) e dos governadores Paulo Hartung (ES) e
Eduardo Braga (AM).
Dieta de engorda
O partido que mais engordou
nas últimas semanas foi o PSB, fiel
aliado do governo, que fecharia a
temporada de migrações com 29
deputados. A sigla elegeu 22, mas
sofreu esvaziamento, justamente
pela ação de Garotinho, e chegou
a ter 16. Só nos últimos dias, angariou 10 parlamentares.
O PSB, que chefia o Ministério
de Ciência e Tecnologia, ganhou
também a adesão da senadora Patrícia Saboya (CE, ex-PPS), e do
governador do Maranhão, José
Reinaldo (ex-PTB). O inchaço do
partido tem sido incentivado pelo
Planalto, que antes da crise fez
mesma operação com o PTB de
Roberto Jefferson e o PL de Valdemar Costa Neto, os dois que
mais cresceram na gestão Lula entre os grandes partidos.
A migração interpartidária expõe efeitos do "mensalão". O
principal exemplo do esvaziamento dos partidos envolvidos no
escândalo é o PL, que perdeu 12
deputados recentemente. Além
disso, dois deputados da sigla renunciaram ao mandato, o presidente, Valdemar Costa Neto (SP),
e Carlos Rodrigues (RJ).
Um dos principais aliados do
governo no Congresso, o PL elegeu uma bancada modesta, com
26 deputados, mas inchou durante os primeiros anos da gestão Lula. Chegou a somar 53 deputados
-mais que o dobro da eleição-,
mas ontem contabilizava 38.
Além da Câmara, o PL também
perdeu seu principal expoente, o
vice-presidente José Alencar, que
se filiou ao PMR. O senador Marcelo Crivella (RJ) fez o mesmo.
Segundo Crivella, a bancada
ainda poderia aumentar para cinco deputados federais. "Conversei
com muita gente e fiz convites,
não apenas com membros da
Igreja Universal", disse.
(SILVIO NAVARRO, RANIER BRAGON, FÁBIO ZANINI, ADRIANO CEOLIN E CHICO
DE GOIS)
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