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REMESSAS SUSPEITAS
Os dois estão entre os 3.500 alvos de inquérito sob acusação de evasão de divisas e lavagem de dinheiro
Xuxa e Romário serão investigados pela PF
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal começou a distribuir ontem para suas superintendências regionais 3.500 dossiês
que darão origem a inquéritos para apurar suspeitas de prática de
evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Entre os investigados estão a apresentadora Xuxa Meneghel, o jogador Romário e o banqueiro Daniel Dantas.
A origem dos inquéritos são
operações financeiras realizadas
por meio da Beacon Hill Service
Corporation, empresa fechada
pelas autoridades norte-americanas em 2003 sob a acusação de ser
uma das maiores lavanderias de
dinheiro dos Estados Unidos. De
1997 a 2000, a empresa movimentou cerca de US$ 20 bilhões.
Localizada no banco Chase Manhattan (hoje JP Morgan), a Beacon Hill operou 40 subcontas
bancárias pertencentes a cem doleiros brasileiros. Em agosto de
2004, 70 deles foram presos pela
PF na operação Farol da Colina.
De acordo com a PF, os 3.500 alvos dos inquéritos movimentaram, entre 1999 e 2002, em benefício de pessoas físicas e jurídicas
instaladas no Brasil, US$ 975 milhões, em operações que não foram declaradas ao fisco.
A PF analisou e organizou a base de dados da Beacon Hill, que
posteriormente foi enviada à Receita Federal. O órgão identificou
8.000 pessoas físicas e jurídicas.
Deste conjunto, priorizou, para
avaliação da regularidade fiscal,
os responsáveis por operações superiores a US$ 30 mil e retroativas
até 1999 -já que o crime de sonegação prescreve em cinco anos.
Daí surgiram 3.500 autuações
fiscais, lavradas sobre movimentações que chegam, em alguns casos, a mais de US$ 20 milhões por
beneficiário.
Os dossiês que a PF está distribuindo contêm, além das autuações da Receita, quebras de sigilo
das operações financeiras e documentação que comprova em benefício de quem foram feitas.
A concentração maior dos inquéritos a serem abertos está em
São Paulo (2.200). Em seguida, estão Rio de Janeiro (720) e Belo
Horizonte (300). Quantidades
menores serão instauradas em
Manaus, Belém e Brasília.
Marcos Valério
As operações por meio da Beacon Hill atribuídas ao publicitário
Marcos Valério de Souza já foram
encaminhadas ao inquérito que
investiga o "mensalão", a suposta
mesada paga a parlamentares da
base aliada em troca de apoio.
Segundo a PF, também há parlamentares em meio aos beneficiários das operações financeiras
intermediadas pela Beacon Hill.
Esses casos foram remetidos à
Procuradoria Geral da República,
por conta do foro especial dos investigados, que é o STF (Supremo
Tribunal Federal).
Distribuídos os inquéritos, a PF
passará a analisar também as operações inferiores a US$ 30 mil e
anteriores a 1999, que, apesar de
não comportarem mais ações fiscais por sonegação, ainda são passíveis de investigação do ponto de
vista criminal.
A matéria-prima de trabalho da
PF, portanto, serão operações financeiras realizadas por meio da
Beacon Hill desde 1996, ano em
que começa a quebra de sigilo obtida pelas autoridades brasileiras
com autorização da Justiça norte-americana.
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