São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Ressaca

O PT chega ao dia da eleição ameaçado por um fenômeno contrário ao da "onda vermelha", que em 2002 deu a vitória a dois candidatos do partido a governador no primeiro turno e colocou outros oito no segundo, todos alavancados pela ascensão de Lula.
Além do estreitamento da vantagem do presidente sobre os adversários, as últimas pesquisas mostram desgaste de candidaturas promissoras do PT nos Estados. Os exemplos maiores são Humberto Costa (PE) e Olívio Dutra (RS), que correm o risco de ficar fora do segundo turno. Em Sergipe, onde Marcelo Déda atravessou a campanha com ampla vantagem, o pefelista João Alves encostou na reta final.

Que fase! A campanha de Lula amargou noticiário negativo em série na reta final da campanha: primeiro, o homem da mala saiu do armário; em seguida veio o anúncio de última hora de que Lula não compareceria ao debate; por fim, a imagem do dinheiro.

Pirraça. Lula não precisava ir ao debate, diz um petista. Mas para que plantar na imprensa que ele iria, como fizeram seus auxiliares? "Ninguém ganha nada deixando jornalista com raiva", completa o correligionário.

Túnel do tempo. O doleiro Marco Antonio Cursini, envolvido no caso do dossiê, foi cliente de Márcio Thomaz Bastos, que deixou de atendê-lo quando assumiu o Ministério da Justiça, em 2003.

Eu, não. Aloizio Mercadante diz que nunca houve intenção de criar em sua campanha uma "central de inteligência" similar à do QG de Lula.

Exército. O secretário de Organização do PT, Gleber Naime, diz que o partido contará hoje com 300.000 fiscais em todo o país. A campanha fará apuração paralela em 428 municípios, num total de 1.648 seções eleitorais.

Concentração. A apuração será acompanhada na quadra do Sindicato dos Bancários de SP. Tensos com a possibilidade de segundo turno, os petistas evitavam ontem falar em festa na avenida Paulista.

Quem fala? A região Sul, calcanhar de Aquiles de Lula, foi invadida nos últimos dias por mensagens de telemarketing com a voz do presidente. Em Santa Catarina, uma eleitora que recebeu a ligação identificou pelo Bina o número de origem e telefonou de volta. Atendeu um funcionário no Ministério da Saúde.

Costura. Estão avançados os entendimentos para o apoio de Cristovam Buarque (PDT) a Geraldo Alckmin (PSDB) na hipótese de haver segundo turno. Quanto a Heloisa Helena (PSOL), os tucanos não têm esperança.

Encrenca. A possibilidade de que Ieda Crusius passe à etapa final no Rio Grande do Sul desperta sentimentos mistos em seus correligionários da campanha de Alckmin. Eles temem que o governador Germano Rigotto (PMDB) caia no colo de Lula.

Não me deixem... Não bastassem o susto no helicóptero e a perspectiva de ter de conviver com o ex-aliado e hoje inimigo Fernando Collor no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ainda corre o risco de ver o primeiro escalão de sua bancada deixar a Casa.

...só. A linha de frente da bancada do PMDB, composta por Ney Suassuna (PB), Luiz Otávio (PA), Gilberto Mestrinho (AM), João Alberto (MA) e Amir Lando (RO), está na pior, segundo as pesquisas.

Só dor. O PT de Minas é pura lamentação. O partido acha que a aliança com Newton Cardoso não foi bom negócio. Além de o candidato ao Senado ter poucas chances de se eleger, a bancada petista diminuirá, graças à coligação na chapa proporcional com o PMDB. "Foi um passo muito infeliz", chora um dirigente.

Tiroteio

"O povo brasileiro vai derrubar hoje esse palanque formado por golpistas, preconceituosos, elitistas e aloprados." Do petista JORGE VIANA, governador do Acre, sobre a eleição presidencial, que seu partido espera ver encerrada no primeiro turno.

Contraponto

Lento e gradual

Em sua primeira campanha para governador do Ceará, em 1986, Tasso Jereissati, então no PMDB, participava de um comício ao lado de colegas de partido. Empresário, o atual presidente do PSDB ainda não se habituara com os longos discursos dos políticos.
Paes de Andrade foi o primeiro a falar. Depois de minutos e mais minutos de introdução, começou a discorrer sobre "os porões da ditadura" e não dava sinal de parar.
-Será que isso ainda demora muito? - perguntou Tasso, já bastante incomodado, a Mauro Benevides.
-Olhe, tenha paciência. Com o Paes de Andrade, dos porões até a superfície vai um longo caminho!


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