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Doleiro suspeito de comprar dólares do dossiê girou US$ 90 mi nos EUA
Dono de agência de turismo, Cursini diz que nunca negociou com políticos
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O doleiro Marco Antonio
Cursini, 53, que teria comprado
parte dos dólares usados para
adquirir um dossiê contra candidatos do PSDB, segundo a
Folha revelou ontem, movimentou US$ 90 milhões por
meio de uma empresa de fachada no MTB Bank dos Estados Unidos entre 98 e 2002.
Localizado ontem por telefone, Cursini negou ser o proprietário da agência de turismo
e câmbio Disk Line, em nome
da qual a Polícia Federal detectou as operações de compra
dos dólares apreendidos no dia
15 de setembro num hotel de
São Paulo.
Cursini admitiu "conhecer"
a Disk Line, mas não seus donos. "Eu não tenho nada a ver
com a Disk Line. Não é empresa minha, não tenho contato
direto nem indireto nem nunca
tive. Nunca comprei [dólar] no
Sofisa, nunca fiz negócio com o
Sofisa", disse o empresário, referindo-se à instituição que teria vendido os dólares à Disk
Line. Cursini disse que "nunca
fez negócio com político".
Após alguns minutos de entrevista, Cursini disse que a
partir de terça-feira poderia
dar maiores esclarecimentos
sobre seus negócios.
As operações do MTB Bank
realizadas por doleiros brasileiros em nome de empresas
offshore (sediadas em paraísos
fiscais, cujos donos são desconhecidos) têm sido consideradas ilegais tanto nos Estados
Unidos quanto no Brasil, gerando sucessivas operações policiais e acusações na Justiça
por supostos crimes de evasão
de divisas, lavagem de dinheiro
e remessa ilegal de divisas.
Os arquivos da CPI do Banestado, criada para investigar
remessas ilegais de brasileiros
para o exterior, revelam que a
empresa Goldrate Corporation
pagou e recebeu dólares de outras empresas offshore conhecidas por operar clandestinamente para brasileiros, como a
Agata International, responsável por pagamentos não declarados para o marqueteiro Duda
Mendonça, que fez a campanha
presidencial de Lula em 2002.
No Paraná, durante as investigações promovidas pela Força-Tarefa criada pelo Ministério Público Federal, descobriu-se que a Goldrate Corp na verdade era movimentada por
Cursini e dois parentes seus.
Em novembro de 2005, os procuradores federais denunciaram Cursini por supostos crimes contra o sistema financeiro nacional e formação de quadrilha. A Justiça determinou o
bloqueio de US$ 381 mil da
Goldrate.
Cursini é dono de 99% das
cotas da Travelcenter Câmbio
e Turismo Ltda, empresa fundada em 1994.
A agência de turismo tem
matriz no 13º andar de um prédio na rua Joaquim Floriano,
em São Paulo, e filiais nos
shoppings Metrópole e Penha.
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