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Esfandiari descreve como era viver presa
DE WASHINGTON
"Ao ser levada a Evin, percebi que sair ou não de lá não
estava sob meu controle,
pois nem acusação havia.
Então, decidi sobreviver.
Estava numa ala especial para prisioneiros políticos, na
seção feminina. Meu cômodo era de um tamanho razoável, com duas janelas grandes dando para o telhado.
Organizei uma rotina. Eu
me levantava às 7h30, exercitava-me por uma hora, tomava banho e café da manhã.
Comecei um programa de
exercício que ia até as 6 da
tarde. Interrompia, é claro,
para os interrogatórios.
Tinha acesso a um pátio
uma vez por dia, por uma hora, sem outros presos.
Perto das seis, tomava banho, trocava uma roupa por
outra igual e era minha preparação para o jantar. Então,
lia, quando passaram a me
deixar a ler. Perto das 23h, eu
me exercitava por uma hora.
Aí, dormia.
Não havia notícias sobre
mim nos jornais. Só uma vez,
numa entrevista coletiva, alguém perguntou "O que vai
acontecer com ela", e responderam "Nós não vamos
mantê-la presa, ela vai ser
solta, mas o processo judicial
ainda não foi concluído em
relação ao caso dela".
Nunca pensei que fossem
me torturar ou me bater.
Mas havia sempre a possibilidade de que eu passasse vários anos na prisão. E eu estava perdendo peso muito rapidamente, nove quilos em
três meses, o que preocupou
as autoridades.
Achava que tinha sido
abandonada. Não sabia que
meu marido, minha filha,
minha irmã estavam fazendo
uma campanha tão grande a
meu favor, não sabia havia
uma campanha tão grande
na mídia internacional.
Decidi que pensar no meu
marido, na minha filha, nos
meus netos me levaria ao desespero e que o melhor a fazer seria bloqueá-los totalmente. Ao voltar a Washington, entrei literalmente em
todos os cômodos da casa.
Na segunda seguinte, voltei ao trabalho. Ainda tento
recuperar o tempo perdido."
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