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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Globo cancela debate; Alckmin culpa Kassab
Tucanos acusaram prefeito de agir para que o programa não acontecesse, o que Kassab nega; emissora queria só 5 políticos na TV
Ciro Moura, do PTC, Ivan Valente (PSOL) e Renato Reichmann (PMN) não fizeram acordo com a Globo para ficarem fora do debate
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
A campanha do tucano Geraldo Alckmin reagiu com indignação ao cancelamento do
debate da TV Globo, amanhã, e
insinuou que aliados do prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, estão por
trás das manobras que motivaram a decisão da emissora.
"Foi uma ação direta e indireta da candidatura Kassab,
que não queria o debate. Quem
bateu o pé contra foi o Ciro
Moura, que todo mundo sabe a
serviço de quem está", afirmou
o coordenador da campanha
tucana, Edson Aparecido.
O prefeito negou que estivesse aliado a Ciro Moura (PTC):
"Todos sabem que não é verdade". E lamentou que o programa não seja realizado. "Lamento muito porque os debates são
muito importantes. Eu compareci a todos e infelizmente não
vai ter esse. É uma oportunidade a menos ao eleitor", afirmou.
Marta Suplicy (PT), que também lamentou o cancelamento,
disse que "talvez alguns candidatos tenham gostado". "Da
nossa parte, houve um compromisso e eu lamento muito."
A Globo desistiu de fazer o
debate devido à resistência de
Ciro Moura, Ivan Valente
(PSOL) e Renato Reichmann
(PMN) em não abrirem mão de
participar do programa.
A Lei Eleitoral obriga emissoras de rádio e TV com concessão pública a convidarem
para debates todos os candidatos cujos partidos tenham deputados federais eleitos em
2006. Em São Paulo, oito políticos se enquadram nesse critério. A Globo, no entanto, estava
negociando para fazer o programa só com cinco nomes, para tornar o debate "proveitoso",
segundo nota divulgada ontem.
Para convencer Moura, Valente e Reichmann a desistirem
do debate, a emissora afirmou
que ofereceu a eles "cobertura
muito maior" do que teriam
nos telejornais se "apenas critérios jornalísticos fossem levados em conta". Os três, no entanto, não abriram mão.
"A TV Globo lamenta que essas restrições na Lei Eleitoral a
impeçam de promover um
evento que tem se mostrado valioso em eleições passadas",
afirmou a emissora, em nota.
Reação
Alckmin também divulgou
comunicado: "Perde o eleitor,
que poderia comparar as propostas para o governo de sua cidade, ganha a articulação de
bastidor que inviabilizou o encontro. Perde a população, que
poderia conhecer melhor o
passado e os compromissos de
cada candidato, ganha a estratégia obscura. Perde São Paulo,
ganha a dissimulação".
Ivan Valente, por meio de nota, disse que a mensagem da
emissora é uma "peça de ficção" e criticou a tentativa de
acordo para que ele não fosse
ao debate.
"A Globo voltou aos "bons
tempos" da ditadura militar",
disse à Folha.
Ciro Moura acusou a emissora de não cumprir a lei.
"Ela tem que cumprir a lei.
Cancela o debate e diz que a
culpa é minha? A Globo que se
organize."
Colaboraram MICHELE OLVEIRA , da Redação,
RANIER BRAGON , em São Paulo, e ANA FLOR ,
CATIA SEABRA e FERNANDO BARROS DE
MELLO , da Reportagem Local
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