São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Globo cancela debate; Alckmin culpa Kassab

Tucanos acusaram prefeito de agir para que o programa não acontecesse, o que Kassab nega; emissora queria só 5 políticos na TV

Ciro Moura, do PTC, Ivan Valente (PSOL) e Renato Reichmann (PMN) não fizeram acordo com a Globo para ficarem fora do debate


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A campanha do tucano Geraldo Alckmin reagiu com indignação ao cancelamento do debate da TV Globo, amanhã, e insinuou que aliados do prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, estão por trás das manobras que motivaram a decisão da emissora.
"Foi uma ação direta e indireta da candidatura Kassab, que não queria o debate. Quem bateu o pé contra foi o Ciro Moura, que todo mundo sabe a serviço de quem está", afirmou o coordenador da campanha tucana, Edson Aparecido.
O prefeito negou que estivesse aliado a Ciro Moura (PTC): "Todos sabem que não é verdade". E lamentou que o programa não seja realizado. "Lamento muito porque os debates são muito importantes. Eu compareci a todos e infelizmente não vai ter esse. É uma oportunidade a menos ao eleitor", afirmou.
Marta Suplicy (PT), que também lamentou o cancelamento, disse que "talvez alguns candidatos tenham gostado". "Da nossa parte, houve um compromisso e eu lamento muito."
A Globo desistiu de fazer o debate devido à resistência de Ciro Moura, Ivan Valente (PSOL) e Renato Reichmann (PMN) em não abrirem mão de participar do programa.
A Lei Eleitoral obriga emissoras de rádio e TV com concessão pública a convidarem para debates todos os candidatos cujos partidos tenham deputados federais eleitos em 2006. Em São Paulo, oito políticos se enquadram nesse critério. A Globo, no entanto, estava negociando para fazer o programa só com cinco nomes, para tornar o debate "proveitoso", segundo nota divulgada ontem.
Para convencer Moura, Valente e Reichmann a desistirem do debate, a emissora afirmou que ofereceu a eles "cobertura muito maior" do que teriam nos telejornais se "apenas critérios jornalísticos fossem levados em conta". Os três, no entanto, não abriram mão.
"A TV Globo lamenta que essas restrições na Lei Eleitoral a impeçam de promover um evento que tem se mostrado valioso em eleições passadas", afirmou a emissora, em nota.

Reação
Alckmin também divulgou comunicado: "Perde o eleitor, que poderia comparar as propostas para o governo de sua cidade, ganha a articulação de bastidor que inviabilizou o encontro. Perde a população, que poderia conhecer melhor o passado e os compromissos de cada candidato, ganha a estratégia obscura. Perde São Paulo, ganha a dissimulação".
Ivan Valente, por meio de nota, disse que a mensagem da emissora é uma "peça de ficção" e criticou a tentativa de acordo para que ele não fosse ao debate.
"A Globo voltou aos "bons tempos" da ditadura militar", disse à Folha.
Ciro Moura acusou a emissora de não cumprir a lei. "Ela tem que cumprir a lei. Cancela o debate e diz que a culpa é minha? A Globo que se organize."


Colaboraram MICHELE OLVEIRA , da Redação, RANIER BRAGON , em São Paulo, e ANA FLOR , CATIA SEABRA e FERNANDO BARROS DE MELLO , da Reportagem Local


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