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Planalto mandou investigar Dantas, afirma Protógenes
Delegado afastado da Operação Satiagraha depôs ao Ministério Público Federal
Segundo ele, determinação
da Presidência teria sido dada a Paulo Lacerda; o
ex-diretor-geral da PF
nega ter recebido tal ordem
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A investigação que culminou
na Operação Satiagraha foi
aberta por determinação da
Presidência da República ao
então diretor-geral da Polícia
Federal, Paulo Lacerda, afirmou o delegado Protógenes
Queiroz, responsável pelo inquérito, em depoimento ao Ministério Público Federal.
De acordo com Protógenes,
que chefiou os trabalhos até julho deste ano, quando foi afastado por suspeitas de irregularidades na condução do caso, o
ponto de partida da investigação foram informes repassados
ao Planalto pela Abin (Agência
Brasileira de Investigação).
Protógenes não revelou o nome
de quem teria dado a ordem.
Deflagrada em 8 de julho, depois de quatro anos de investigações, a Satiagraha teve como
principal alvo o banqueiro Daniel Dantas, preso duas vezes
preventivamente por ordem da
Justiça, atendendo a pedidos
do delegado Protógenes.
Em 2004, quando começou a
apuração, Dantas estava em pé
de guerra com o governo, em
meio à disputa que travava com
fundos de pensão estatais pelo
controle da Brasil Telecom. À
época, foi acusado de ter mandado grampear integrantes do
primeiro escalão.
Lacerda, que ano passado
trocou a PF pelo comando da
Abin, cargo do qual está afastado, negou que tenha recebido
qualquer ordem da Presidência. Por meio de sua assessoria,
disse que a Satiagraha é um
desdobramento da Operação
Chacal que, em outubro de
2004, apreendeu computadores na sede do Banco Opportunity, de Dantas. Lacerda afirmou ainda que nunca conversou sobre o tema com Protógenes. No depoimento, Protógenes não especifica o momento
da suposta ordem. O Planalto
não se manifestou.
Procurada pela Folha, a Procuradoria da República do Distrito Federal confirmou as declarações de Protógenes sobre
a origem da Satiagraha, mas recusou-se a dar mais detalhes
sobre o depoimento, com o argumento de que isso poderia
atrapalhar as investigações.
A afirmação de Protógenes
vem a público depois de o presidente da Associação dos Servidores da Abin, Nery Kluwe,
dizer à revista "Veja" que os
agentes secretos da agência
que trabalharam na Satiagraha
foram enganados, levados a
crer que participavam de uma
missão presidencial.
Queiroz foi ouvido como
parte da investigação do Ministério Público Federal sobre os
supostos abusos cometidos na
Satiagraha, entre eles a suspeita de que agentes federais
grampearam o presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes. Mendes
concedeu habeas corpus a
Dantas nas duas vezes em que
ele foi preso.
Homem de confiança de Lacerda, Protógenes foi escalado
para conduzir a Satiagraha. Este ano, o delegado recorreu aos
serviços de 52 agentes da Abin
para manter as investigações,
ação que sustenta ter sido legal.
A agência já era comandada
por Lacerda. Procurado há dez
dias pela Folha, Protógenes
não se pronunciou.
Em 2004, Dantas foi acusado
de contratar a empresa Kroll
para espionar autoridades, entre elas o então ministro Luiz
Gushiken (Secretaria de Comunicação da Presidência).
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