São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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"PSDB recupera-se nas áreas desenvolvidas", diz sociólogo

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado do segundo turno em São Paulo reintroduziu um equilíbrio nas forças partidárias e consolidou o PSDB como o principal partido de oposição ao governo federal.
Essa é a análise feita pelo professor aposentado de ciência política da USP (Universidade de São Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Leôncio Martins Rodrigues, 70, autor de "Partidos, Ideologia e Composição Social".
Leia os principais trechos da entrevista concedida à Folha.
 

Folha - Como o sr. avalia o resultado do segundo turno?
Leôncio Martins Rodrigues -
O primeiro aspecto principal é a recuperação do PSDB e a consolidação dos tucanos como o principal partido de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. Essa recuperação deve ser tanto mais valorizada pelo fato de ter ocorrido, pelo que falam os primeiros resultados, nas regiões mais desenvolvidas do país.
Nesse sentido, a vitória em São Paulo muito provavelmente fará do PSDB o campeão nacional de votos desta eleição. Correlatamente, embora o PT continue como um grande partido e tenha competido no segundo turno em capitais importantes, os resultados finais implicam perdas fortes, porque posições importantes passaram para outras mãos. Apesar disso, nas grandes capitais, o PT teve vitórias significativas e que devem ajudar o partido em 2006, como Belo Horizonte e Fortaleza.
Essa constatação leva ao segundo aspecto: o PT conseguiu se interiorizar e obter resultados importantes nas regiões menos desenvolvidas, como Rio Branco, Macapá, Aracaju e Palmas. Esse fato, em princípio, é positivo para o PT e para qualquer partido.

Folha - O PT estaria condenado a repetir a trajetória do MDB/PMDB, encolhendo nas cidades e crescendo em direção aos grotões?
Rodrigues -
É cedo para conclusões nessa direção, mesmo porque o PT recruta a maior parte de seus elementos de cúpulas nas áreas desenvolvidas do país.
Como quer que seja, esse segundo turno reintroduziu um equilíbrio nas forças partidárias, que ameaçava ser rompido pelo avassalador crescimento do PT e a voraz ocupação petista do aparelho de Estado. Como outros partidos menores, como o PFL, também conseguiram alguns resultados importantes, os resultados das eleições parecem contribuir para a manutenção da fragmentação partidária.
É difícil dizer se o reequilíbrio indica uma rejeição geral ao PT como partido. No caso de São Paulo, é difícil ponderar quanto pesou a figura da Marta Suplicy, mas algum peso deve ter tido.


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