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"PSDB recupera-se nas áreas desenvolvidas", diz sociólogo
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O resultado do segundo turno
em São Paulo reintroduziu um
equilíbrio nas forças partidárias e
consolidou o PSDB como o principal partido de oposição ao governo federal.
Essa é a análise feita pelo professor aposentado de ciência política
da USP (Universidade de São
Paulo) e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
Leôncio Martins Rodrigues, 70,
autor de "Partidos, Ideologia e
Composição Social".
Leia os principais trechos da entrevista concedida à Folha.
Folha - Como o sr. avalia o resultado do segundo turno?
Leôncio Martins Rodrigues - O
primeiro aspecto principal é a recuperação do PSDB e a consolidação dos tucanos como o principal
partido de oposição ao governo
Luiz Inácio Lula da Silva. Essa recuperação deve ser tanto mais valorizada pelo fato de ter ocorrido,
pelo que falam os primeiros resultados, nas regiões mais desenvolvidas do país.
Nesse sentido, a vitória em São
Paulo muito provavelmente fará
do PSDB o campeão nacional de
votos desta eleição. Correlatamente, embora o PT continue como um grande partido e tenha
competido no segundo turno em
capitais importantes, os resultados finais implicam perdas fortes,
porque posições importantes passaram para outras mãos. Apesar
disso, nas grandes capitais, o PT
teve vitórias significativas e que
devem ajudar o partido em 2006,
como Belo Horizonte e Fortaleza.
Essa constatação leva ao segundo aspecto: o PT conseguiu se interiorizar e obter resultados importantes nas regiões menos desenvolvidas, como Rio Branco,
Macapá, Aracaju e Palmas. Esse
fato, em princípio, é positivo para
o PT e para qualquer partido.
Folha - O PT estaria condenado a
repetir a trajetória do MDB/PMDB,
encolhendo nas cidades e crescendo em direção aos grotões?
Rodrigues - É cedo para conclusões nessa direção, mesmo porque o PT recruta a maior parte de
seus elementos de cúpulas nas
áreas desenvolvidas do país.
Como quer que seja, esse segundo turno reintroduziu um equilíbrio nas forças partidárias, que
ameaçava ser rompido pelo avassalador crescimento do PT e a voraz ocupação petista do aparelho
de Estado. Como outros partidos
menores, como o PFL, também
conseguiram alguns resultados
importantes, os resultados das
eleições parecem contribuir para
a manutenção da fragmentação
partidária.
É difícil dizer se o reequilíbrio
indica uma rejeição geral ao PT
como partido. No caso de São
Paulo, é difícil ponderar quanto
pesou a figura da Marta Suplicy,
mas algum peso deve ter tido.
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