São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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RUMO A 2006


Resultado consolida o PSDB como principal adversário do PT

Eleição marca reconstrução da aliança dos tucanos com o PFL



Vitória de Serra projeta presidenciável Alckmin

RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

A vitória de José Serra em São Paulo, levando o PSDB pela primeira vez em sua história ao comando da prefeitura paulistana, tem três aspectos: consolida o partido como maior rival do PT na eleição presidencial de 2006, projeta a figura do governador Geraldo Alckmin, dentro e fora do partido, e sela o processo de reconstrução da aliança entre as duas principais forças de oposição do país -PSDB e PFL.
A frase que melhor sintetiza o significado da vitória tucana foi dada pelo vice-prefeito eleito do Rio de Janeiro, Otávio Leite (PSDB): "A vitória do Serra é a pavimentação da estrada para 2006". O vice do prefeito Cesar Maia (PFL) esteve ontem com Serra durante a votação. A comitiva tucana do Rio veio à capital paulista não só trazendo apoio político, mas também um ônibus carregado com 50 militantes que atuaram como fiscais nas sessões.
Mesmo negando que esta eleição tenha influência direta num assunto interno partidário -a escolha de um nome para ser trabalhado nos próximos dois anos como adversário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006-, os tucanos reconhecem Alckmin como um dos principais vitoriosos da disputa eleitoral.
Mais do que emprestar sua imagem ao prefeito eleito José Serra, o governador Geraldo Alckmin foi mentor de estratégias, posições e discursos adotados. Prova disso é que a coordenação-geral da campanha tucana esteve a cargo de um dos homens de confiança do governador, José Henrique Lobo.
O presidente do Diretório Municipal do PSDB, Edson Aparecido, foi o mais enfático ao admitir o que é tratado com cautela por seus correligionários. "O governador Geraldo Alckmin e seus aliados saem como os grandes vitoriosos desse processo."
Aparecido negou a consolidação prévia da candidatura de Alckmin para 2006.
No entanto, a vitória de Serra e a derrota dos candidatos apoiados pelo governador mineiro, Aécio Neves, e pelo senador Tasso Jereissati dão ao governador e ao grupo paulista tucano minutos de vantagem na corrida pela indicação de um nome para 2006.
Mais comedido em sua análise, o secretário estadual da Casa Civil, Arnaldo Madeira, afirmou considerar que há um "exagero" na importância dada à eleição municipal de São Paulo em relação à disputa pela sucessão presidencial. "São sinais de acúmulo de forças. Mas você ganha a eleição presidencial com isso [Prefeitura de São Paulo] ou sem isso. O [ex-presidente Fernando] Collor ganhou a eleição tendo perdido em Maceió. O Fernando Henrique foi duas vezes presidente sem termos força em municípios."
Alckmin, que acompanhou Serra ontem durante a manhã, evitou falar sobre as eleições de 2006. Questionado sobre o assunto, disse que a disputa municipal era o que importava. "Quem ganha com essa eleição é a população. O povo nunca erra, repetia [o governador morto] Mário Covas."

São Paulo-Rio
A disputa municipal de 2004 também coloca novamente, lado a lado, dois antigos aliados.
"Estamos num processo de reconstrução das relações com o PFL, que ficaram estremecidas no processo sucessório da Câmara dos Deputados e nas eleições de 2002. Agora estamos num processo de reaproximação, desde a eleição para governador em 2002 aqui em São Paulo, com um vice do PFL. No Rio, demos [PSDB] o vice ao Cesar Maia. Em Curitiba, tínhamos o vice do PFL, que agora é nosso candidato. Então é algo em reconstrução", disse Madeira.
A presença de Leite ontem em São Paulo e a visita de Cesar Maia na reta final da eleição também indicam que, além da retomada da aliança PSDB-PFL, há uma junção de forças que pode pesar para o PT na disputa presidencial de 2006. "Essa conexão Rio-São Paulo funcionou, e isso revela que é viável uma construção de unidade para 2006", afirmou Leite.


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