|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUMO A 2006
Resultado consolida o PSDB
como principal adversário do PT
Eleição marca reconstrução
da aliança dos tucanos com o PFL
|
Vitória de Serra projeta presidenciável Alckmin
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL
A vitória de José Serra em São
Paulo, levando o PSDB pela primeira vez em sua história ao comando da prefeitura paulistana,
tem três aspectos: consolida o
partido como maior rival do PT
na eleição presidencial de 2006,
projeta a figura do governador
Geraldo Alckmin, dentro e fora
do partido, e sela o processo de reconstrução da aliança entre as
duas principais forças de oposição do país -PSDB e PFL.
A frase que melhor sintetiza o
significado da vitória tucana foi
dada pelo vice-prefeito eleito do
Rio de Janeiro, Otávio Leite
(PSDB): "A vitória do Serra é a pavimentação da estrada para
2006". O vice do prefeito Cesar
Maia (PFL) esteve ontem com
Serra durante a votação. A comitiva tucana do Rio veio à capital
paulista não só trazendo apoio
político, mas também um ônibus
carregado com 50 militantes que
atuaram como fiscais nas sessões.
Mesmo negando que esta eleição tenha influência direta num
assunto interno partidário -a escolha de um nome para ser trabalhado nos próximos dois anos como adversário do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva em 2006-, os
tucanos reconhecem Alckmin como um dos principais vitoriosos
da disputa eleitoral.
Mais do que emprestar sua imagem ao prefeito eleito José Serra, o
governador Geraldo Alckmin foi
mentor de estratégias, posições e
discursos adotados. Prova disso é
que a coordenação-geral da campanha tucana esteve a cargo de
um dos homens de confiança do
governador, José Henrique Lobo.
O presidente do Diretório Municipal do PSDB, Edson Aparecido, foi o mais enfático ao admitir
o que é tratado com cautela por
seus correligionários. "O governador Geraldo Alckmin e seus
aliados saem como os grandes vitoriosos desse processo."
Aparecido negou a consolidação prévia da candidatura de
Alckmin para 2006.
No entanto, a vitória de Serra e a
derrota dos candidatos apoiados
pelo governador mineiro, Aécio
Neves, e pelo senador Tasso Jereissati dão ao governador e ao
grupo paulista tucano minutos de
vantagem na corrida pela indicação de um nome para 2006.
Mais comedido em sua análise,
o secretário estadual da Casa Civil, Arnaldo Madeira, afirmou
considerar que há um "exagero"
na importância dada à eleição
municipal de São Paulo em relação à disputa pela sucessão presidencial. "São sinais de acúmulo
de forças. Mas você ganha a eleição presidencial com isso [Prefeitura de São Paulo] ou sem isso. O
[ex-presidente Fernando] Collor
ganhou a eleição tendo perdido
em Maceió. O Fernando Henrique foi duas vezes presidente sem
termos força em municípios."
Alckmin, que acompanhou Serra ontem durante a manhã, evitou
falar sobre as eleições de 2006.
Questionado sobre o assunto, disse que a disputa municipal era o
que importava. "Quem ganha
com essa eleição é a população. O
povo nunca erra, repetia [o governador morto] Mário Covas."
São Paulo-Rio
A disputa municipal de 2004
também coloca novamente, lado
a lado, dois antigos aliados.
"Estamos num processo de reconstrução das relações com o
PFL, que ficaram estremecidas no
processo sucessório da Câmara
dos Deputados e nas eleições de
2002. Agora estamos num processo de reaproximação, desde a eleição para governador em 2002
aqui em São Paulo, com um vice
do PFL. No Rio, demos [PSDB] o
vice ao Cesar Maia. Em Curitiba,
tínhamos o vice do PFL, que agora é nosso candidato. Então é algo
em reconstrução", disse Madeira.
A presença de Leite ontem em
São Paulo e a visita de Cesar Maia
na reta final da eleição também
indicam que, além da retomada
da aliança PSDB-PFL, há uma
junção de forças que pode pesar
para o PT na disputa presidencial
de 2006. "Essa conexão Rio-São
Paulo funcionou, e isso revela que
é viável uma construção de unidade para 2006", afirmou Leite.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Os vitoriosos: Em festa, tucanos comemoravam derrota de petistas Índice
|