|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PT acumula perdedores e tucanos, vencedores
EM SÃO PAULO
Contados os votos do segundo
turno, há um número maior de
perdedores petistas entre as estrelas políticas do país. No PT, o único possível vencedor -ou personagem mais preservada- é o ministro da Casa Civil, José Dirceu,
que soube manter uma distância
regulamentar da principal derrota do partido, em São Paulo.
Dirceu é o maior articulador político petista. Foi ferozmente contra a estratégia de Marta Suplicy
na montagem das alianças. A prefeita recusou-se a recepcionar o
PMDB, de Orestes Quércia. A versão do comando da campanha do
PT é que o governo federal não
deu o que Quércia pediu. Vencido
no debate, Dirceu recuou da disputa e ficou esperando de longe.
Apareceu na fase final, quando a
eleição já estava perdida.
O ministro da Casa Civil também é quem mais vocaliza as críticas contra a política econômica.
Como os principais revezes do PT
foram em grandes centros urbanos, onde são mais sentidos os
efeitos do arrocho fiscal, Dirceu
fica com seu discurso robustecido
daqui para a frente.
Outros dirigentes petistas perdem. A começar pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que ficará sem interlocutores em cargos
executivos importantes, como a
Prefeitura de São Paulo.
Lula também ficará com o ônus
de encontrar ocupação para candidatos a prefeito derrotados -e
todos aqueles que perderam cargos em prefeituras petistas.
O presidente do PT, José Genoino, sai enfraquecido. A responsabilidade final do resultado do partido, a rigor, é sua. Perdem também os senadores paulistas Aloizio Mercadante (terá Marta no
seu encalço na disputa pelo governo paulista) e Eduardo Suplicy
(irritou a cúpula da sigla com seu
comportamento ambíguo).
Entre os tucanos, o governador
paulista Geraldo Alckmin ocupa
o topo da lista de vencedores. Engoliu seco quando José Serra quis
ser candidato a prefeito. Alckmin
preferia Saulo de Castro Abreu Filho, seu secretário de Segurança.
Com a campanha na rua, o governador foi sempre o maior cabo
eleitoral de Serra.
Os tucanos derrotados mais evidentes são o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador mineiro,
Aécio Neves (MG). Jereissati novamente não emplacou o prefeito
de Fortaleza. Aécio não conseguiu
ter um candidato forte em Belo
Horizonte e fica com seu brilho
um pouco apagado por conta do
sucesso de Alckmin -que concorre com o mineiro para ser o
candidato a presidente do PSDB
em 2006 ou 2010.
Nos outros partidos, o destaque
vencedor é o prefeito reeleito do
Rio, César Maia (PFL). Maia teve,
sozinho, 15,39% de todos os votos
de candidatos a prefeitos pefelistas no país. Já é o maior líder da sigla e nome certo para alguma disputa relevante em 2006 -governador fluminense ou Presidência.
O outro lado da moeda do PFL é
o senador Antonio Carlos Magalhães (BA). Não conseguiu ver
eleito o seu indicado para a Prefeitura de Salvador, César Borges, e
enfrentará resistência dentro da
sigla se insistir em ficar encostado
no Palácio do Planalto.
No PMDB, o ex-governador fluminense Anthony Garotinho era
para ser a estrela. Sem chances na
capital de seu Estado, e com várias
acusações de ações ilegais nas disputas do interior, ele sai desgastado do processo. Terá dificuldade
se quiser exigir dentro do PMDB
alguma posição de destaque em
2006.
(FR)
Texto Anterior: Em nota, Lula diz ter acompanhado "com satisfação" a votação Próximo Texto: Estado de São Paulo: PSDB consolida poder nas grandes cidades de SP Índice
|