São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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PT acumula perdedores e tucanos, vencedores

EM SÃO PAULO

Contados os votos do segundo turno, há um número maior de perdedores petistas entre as estrelas políticas do país. No PT, o único possível vencedor -ou personagem mais preservada- é o ministro da Casa Civil, José Dirceu, que soube manter uma distância regulamentar da principal derrota do partido, em São Paulo.
Dirceu é o maior articulador político petista. Foi ferozmente contra a estratégia de Marta Suplicy na montagem das alianças. A prefeita recusou-se a recepcionar o PMDB, de Orestes Quércia. A versão do comando da campanha do PT é que o governo federal não deu o que Quércia pediu. Vencido no debate, Dirceu recuou da disputa e ficou esperando de longe. Apareceu na fase final, quando a eleição já estava perdida.
O ministro da Casa Civil também é quem mais vocaliza as críticas contra a política econômica. Como os principais revezes do PT foram em grandes centros urbanos, onde são mais sentidos os efeitos do arrocho fiscal, Dirceu fica com seu discurso robustecido daqui para a frente.
Outros dirigentes petistas perdem. A começar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficará sem interlocutores em cargos executivos importantes, como a Prefeitura de São Paulo.
Lula também ficará com o ônus de encontrar ocupação para candidatos a prefeito derrotados -e todos aqueles que perderam cargos em prefeituras petistas.
O presidente do PT, José Genoino, sai enfraquecido. A responsabilidade final do resultado do partido, a rigor, é sua. Perdem também os senadores paulistas Aloizio Mercadante (terá Marta no seu encalço na disputa pelo governo paulista) e Eduardo Suplicy (irritou a cúpula da sigla com seu comportamento ambíguo).
Entre os tucanos, o governador paulista Geraldo Alckmin ocupa o topo da lista de vencedores. Engoliu seco quando José Serra quis ser candidato a prefeito. Alckmin preferia Saulo de Castro Abreu Filho, seu secretário de Segurança. Com a campanha na rua, o governador foi sempre o maior cabo eleitoral de Serra.
Os tucanos derrotados mais evidentes são o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador mineiro, Aécio Neves (MG). Jereissati novamente não emplacou o prefeito de Fortaleza. Aécio não conseguiu ter um candidato forte em Belo Horizonte e fica com seu brilho um pouco apagado por conta do sucesso de Alckmin -que concorre com o mineiro para ser o candidato a presidente do PSDB em 2006 ou 2010.
Nos outros partidos, o destaque vencedor é o prefeito reeleito do Rio, César Maia (PFL). Maia teve, sozinho, 15,39% de todos os votos de candidatos a prefeitos pefelistas no país. Já é o maior líder da sigla e nome certo para alguma disputa relevante em 2006 -governador fluminense ou Presidência.
O outro lado da moeda do PFL é o senador Antonio Carlos Magalhães (BA). Não conseguiu ver eleito o seu indicado para a Prefeitura de Salvador, César Borges, e enfrentará resistência dentro da sigla se insistir em ficar encostado no Palácio do Planalto.
No PMDB, o ex-governador fluminense Anthony Garotinho era para ser a estrela. Sem chances na capital de seu Estado, e com várias acusações de ações ilegais nas disputas do interior, ele sai desgastado do processo. Terá dificuldade se quiser exigir dentro do PMDB alguma posição de destaque em 2006. (FR)


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