São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CURITIBA


Governador se licenciou para reforçar campanha de Vanhoni

Petista lamenta sua terceira derrota para prefeito da capital



Richa derrota PT de Lula e PMDB de Requião

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A festa da eleição de Beto Richa (PSDB), 39, à Prefeitura de Curitiba foi em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná, no Centro Cívico. Foi uma provocação simbólica: a comemoração ocorreu na praça onde se deram os maiores comícios pró-candidato derrotado, Ângelo Vanhoni (PT), 49, que tiveram a presença do governador Roberto Requião.
A vitória de Richa em Curitiba representa a derrota do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -que considerava estratégica uma vitória na cidade- e a derrota do PMDB do governador Requião. O partido do governador disputou junto com Vanhoni, ocupando a vaga de vice na chapa. Na semana de reta final, Requião deixou o governo para tentar, no corpo-a-corpo, uma virada em favor do petista. Não conseguiu.
Terminada a apuração na Justiça Eleitoral, Richa foi confirmado prefeito eleito com 54,78% dos votos, contra 45,22% de Vanhoni. "Foi uma vitória trabalhada e suada", comemorou o prefeito eleito. "Não fui o candidato do presidente, não fui o candidato do governador nem do prefeito e vamos marcar um novo estilo de administrar a cidade", disse Richa, antes de subir ao caminhão para discursar aos eleitores.
No TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e depois na praça em frente ao Palácio Iguaçu, grupos de mulheres jovens o receberam com gritos de "lindo, lindo", que ele retribuía com acenos.
Richa disse esperar que, passada a eleição, "acabem as divergências político-partidárias" e ele passe a trabalhar com a cooperação do governo do Estado, como na integração das polícias Militar e Civil com a Guarda Municipal, para derrubar os índices de violência na cidade, uma das principais propostas do petista.
Vice-prefeito que trombou com Cassio Taniguchi (PFL) no período de definição de candidaturas e se aliou ao grupo do senador Alvaro Dias (PSDB), Richa vence sua primeira eleição majoritária importante. Deputado estadual por dois mandatos e vice eleito em 2000 na chapa de Taniguchi, ele chegou em terceiro na disputa ao governo do Estado, em que Requião derrotou Dias no segundo turno, em 2002.
O senador tucano acalenta a intenção de voltar a concorrer ao governo, em 2006, mas para isso terá de vencer internamente o próprio irmão, o também senador Osmar Dias (PDT).
"Requião, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver." O refrão foi usado por militantes do PSDB nas concentrações em frente ao telão de resultados no TRE e na festa do Centro Cívico. Ao votar pela manhã, Requião criticou a postura de juízes eleitorais na liberação das pesquisas da reta final.
Ele disse que houve tratamento desigual beneficiando o tucano e defendeu proibição das sondagens nas próximas eleições. "Elas deveriam servir apenas para análise interna das campanhas", disse. Terminada a apuração, ele não deu entrevistas.
Vanhoni disse lamentar a derrota - foi sua terceira tentativa de governar Curitiba-, mas afirmou que deseja "um bom governo" ao adversário. "Espero que ele entenda que a cidade precisa de investimentos em saúde e educação", afirmou. Vanhoni também disse que não atribui a derrota apenas a erros de sua campanha. "[A derrota] em política não se dá só naquilo que você deixou de fazer, mas também nos acertos do adversário", disse.


Texto Anterior: Nova Iguaçu: Lindberg vence por 58% dos votos e divide triunfo com César Maia
Próximo Texto: Eleito quer ter uma relação harmoniosa com o governador
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.