LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A derrota do senador César Borges (PFL) à Prefeitura de Salvador coloca em risco o futuro do "carlismo" no Estado e ameaça uma hegemonia política que começou em 90, quando o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), 77, assumiu o governo pela terceira vez.
Com a eleição do pedetista João Henrique Carneiro, 45, as oposições baianas fincam o pé não apenas na mais importante cidade da Bahia. "Além da retomada da administração política de Salvador, depois de oito anos, conseguimos ampliar a nossa participação em todo o Estado, vencendo as eleições em cidades importantes como Camaçari, Ilhéus, Vitória da Conquista e Alagoinhas", disse a deputada estadual Lídice da Mata (PSB), que disputou o primeiro turno em Salvador.
Carneiro venceu a eleição em Salvador com 74,69% dos votos válidos, contra 25,31% de Borges. Foi a maior diferença registrada no segundo turno entre as maiores cidades do país.
"As eleições estaduais de 2006 serão um marco para as oposições. Agora, as nossas chances de vitória são reais, desde que haja uma união em prol do mesmo objetivo, que é varrer o grupo do senador ACM da política baiana", disse o deputado federal Zezéu Ribeiro (PT). Com mais seis anos de mandato pela frente, César Borges praticamente está alijado da disputa estadual como candidato. Com isso, o "carlismo" conta basicamente com dois nomes para disputar a sucessão estadual -o governador Paulo Souto (PFL) e o prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy (PFL).
Em conversas informais, o próprio ACM -político que dá a última palavra em relação à escolha dos nomes dos candidatos- já admitiu que Souto e Imbassahy são os mais cotados para tentar manter o PFL no poder estadual.
"Quero continuar na vida pública, mas não sou concorrente do governador Paulo Souto. Ele sabe que pode contar comigo, pois é um excelente administrador, digno e confiável", disse Imbassahy, que vai morar em Los Angeles a partir de janeiro. "Vou fazer um curso intensivo de inglês e dar palestras para entidades que têm projetos na América Latina."
Imbassahy também aposta em um eventual fracasso da administração de João Henrique Carneiro. "A minha administração sempre foi muito bem avaliada pelos eleitores. Agora, vamos ver se João Henrique vai conseguir realmente cumprir as promessas que fez durante toda a campanha", disse Imbassahy.


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