São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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PORTO ALEGRE

Após 16 anos, PT perde sua hegemonia


José Fogaça, do PPS, venceu o petista Raul Pont por 53% a 46%

Partido perdeu para o PMDB e o PPS em Caxias do Sul e Pelotas



LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O ex-senador José Fogaça (PPS), 57, venceu ontem as eleições para a Prefeitura de Porto Alegre, estabelecendo uma derrota histórica para o PT, do candidato Raul Pont, 60, que mantinha hegemonia de 16 anos na cidade.
Fogaça atingiu 53,32% dos votos válidos (431.820), vantagem de 53.721 votos sobre Pont, que ficou com 46,68% (378.099). Foram registrados 13.782 (1,64%) votos em branco e 19.055 (2,26%) nulos. Do total de 1.005.998 eleitores de Porto Alegre, 163.242 não comparecerem às urnas (16,23%).
Não bastasse isso, o PT perdeu as prefeituras de Caxias do Sul e Pelotas, respectivamente a segunda e a terceira maiores cidades gaúchas. Em Pelotas, Bernardo de Souza (PPS) derrotou o atual prefeito Fernando Marroni (PT), que tentava a reeleição.
Em Caxias do Sul, José Ivo Sartori (PMDB) derrotou Marisa Formolo (PT), candidata do atual prefeito, o petista Pepe Vargas, que, em seu segundo mandato tem altos índices de aprovação.
Trata-se de derrota expressiva para o governo federal, a quem Pont atribuiu, pela quebra de expectativas causadas pelo governo Lula, desgaste. O desgaste na prefeitura e carências setoriais, como na saúde, também contribuíram.
Ao contrário das previsões, não choveu em Porto Alegre. Militantes dos dois partidos saíram às ruas, com a adesão de pessoas que chegaram do interior, para ajudar a fazer campanha na reta final.
Mais de 13 mil eleitores deixaram os municípios de Caxias do Sul e principalmente Porto Alegre em direção ao litoral norte gaúcho. A Agência apurou que ocorreram 2.167 justificativas de votos em Torres, 844 em Arroio do Sal, 6.466 na região de Tramandaí (que inclui também Imbé, Cidreira e Balneário Pinhal) e cerca de 4.000 em Capão da Canoa.
Os dois partidos se queixaram do transporte de militantes para ajudar nos "bandeiraços" na cidade. Houve mais detenções de pessoas pela prática de boca-de-urna no segundo turno do que ocorrera no primeiro. Foram pelo menos 20 prisões. No Colégio Anchieta, seis pessoas votaram sem assinar a ata. Em outro local, um eleitor foi votar e encontrou seu nome assinado na ata.
Os dois candidatos votaram quase ao mesmo tempo, por volta das 12h40. Fogaça disse que se tornar prefeito de Porto Alegre é a realização de um sonho. "O grande sonho de um político e governar sua cidade", afirmou. Para a população, segundo ele, "é a chance da mudança".

Rigotto
O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), viu as derrotas do PT no Estado como uma vitória que ajudou a construir. Por isso diz estar mais fortalecido para exigir um novo rumo ao PMDB nacional, que implica sair do governo Lula. "Sempre defendi que ajudemos o governo Lula, mas sem cargos, porque isso reforça uma imagem clientelista. O PMDB não se faz respeitar, precisa definir um projeto nacional", disse.


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