|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jornalistas criticam truculência de Requião
Abert também diz "repudiar veementemente" a forma como o governador eleito tratou profissionais de mídia em coletiva
Em entrevista após a vitória, peemedebista acusou mídia de ""fazer campanha" para eleger seu adversário Osmar Dias e hostilizou jornalistas
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Paraná divulgou nota classificando de ""desrespeitosa, truculenta e deselegante" a atitude como o governador reeleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), atendeu aos jornalistas na sua primeira coletiva de imprensa depois da vitória de domingo.
Também em nota, a Abert
(Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) disse ""repudiar veementemente",
a forma com que Requião tratou os jornalistas e os veículos
de comunicação do Paraná e do
Brasil durante a coletiva.
Para a entidade, o comportamento do chefe do Poder Executivo do Paraná foi ""inaceitável e representa uma afronta
direta à liberdade de imprensa
e dos pilares do Estado Democrático e de Direito". A Abert
considerou que Requião ""foi
""agressivo e desrespeitoso".
Anteontem, em entrevista
coletiva no Palácio Iguaçu, Requião acusou a imprensa de
""fazer campanha" para eleger
seu adversário, o senador Osmar Dias (PDT). Acompanhado
de militantes do PMDB e do PT
e de parte de sua equipe, o peemedebista hostilizou e constrangeu jornalistas que lhe faziam perguntas com comentários sobre o que considerou ter
sido o comportamento dos veículos para os quais trabalham.
A RPC (Rede Paranaense de
Comunicação), o jornal ""Gazeta do Povo", do mesmo grupo, e
a rádio CBN local foram os veículos mais atacados. A Folha e
a TV Globo, por intermédio de
três profissionais, também foram alvo das acusações de ""facciosismo" na cobertura. Os jornalistas eram submetidos a
constrangimento quando se
identificavam e ao veículo que
representavam, quando lhe faziam perguntas: ""Tivemos na
"Gazeta do Povo" uma espécie
de diário oficial da oposição",
disse Requião antes de responder à repórter do jornal.
""Eu não fui a uma entrevista
na "Gazeta do Povo" e a "Gazeta
do Povo" publicou as perguntas, sórdidas. Foi a utilização
sem escrúpulos da "Gazeta do
Povo" e da RPC na campanha
que, em determinado momento, nos derrubou uma liderança
de mais de 20 pontos", disse o
governador noutro momento.
Segundo Requião, apesar de
seu governo ser aprovado em
pesquisas por 75% da população, ""o que houve [na campanha] foi um bombardeio contra
a imagem pessoal do governador, com a colaboração da RPC,
dos jornalões, da "Gazeta do
Povo", da CBN, que quase nos
derrotou". O peemedebista
emendou depois: "As teses valeram, resistimos a essa mídia
toda e tivemos uma monumental vitória política no Paraná".
Requião atribuiu à repórter
da Folha a notícia de um suposto apartamento de sua família em Paris -que o jornal
não publicou-, após uma resposta sobre a relação com a segunda gestão do governo Lula.
Em 28 de outubro, a Folha publicou reportagem sobre o debate entre Requião e Osmar
Dias, no qual Dias mencionou
uma suposta mansão da família
do peemedebista em Miami, e a
contestação do governador.
""Eu faria uma observação
também sobre a Folha de
S.Paulo, que reproduziu, na
sua coluna, jornalista, a história
de um apartamento meu em
Paris sem sequer ter me consultado", disse. E prosseguiu:
""Os jornalões do Brasil reproduziram as canalhices locais
com a pior ética possível, mostrando um facciosismo absolutamente insuportável para um
regime democrático".
""Eu queria cumprimentar a
CBN pela excelente boca-de-urna que fez pelo meu adversário desde as 8h da manhã", disse à repórter da rádio antes de
responder a uma pergunta.
Requião usou de ironia ao dizer que convidaria o proprietário da RPC para seu secretário
da Comunicação e que também
destinaria o cargo a outro repórter presente. Enquanto ele
dava entrevista, cerca de 40 militantes do PMDB comandados
por seu irmão e ex-secretário
da Educação Maurício Requião
faziam um protesto em frente à
""Gazeta do Povo". Um carro de
som tocava a música ""Apesar
de Você", de Chico Buarque.
Nota da assessoria de imprensa do governo atacou a posição do Sindicato dos Jornalistas, ao qual acusou de ""reação
equivocada" e de defender ""não
a liberdade de imprensa", mas
""a liberdade das empresas de
manifestarem suas opiniões", e
diz que ""nunca se viu cobertura
de eleição no Paraná tão tendenciosa" como a deste ano
nem ""tanta parcialidade em
uma cobertura de entrevista
coletiva com o governador
quanto a que a mídia divulgou
nesta terça-feira [anteontem]".
Texto Anterior: Plano do PT quer "desconcentrar" a mídia Próximo Texto: Elio Gaspari: Patativa do Assaré esteve na festa de Lula Índice
|