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Acordo adia depoimentos sobre dossiê na CPI dos Sanguessugas
RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um acordo entre oposição e
governo adiou por 21 dias o depoimento na CPI dos Sanguessugas dos três primeiros envolvidos no caso dossiegate, o que
estava marcado para ocorrer
ontem. O discurso oficial foi o
de que era preciso mais tempo
para analisar documentos. Nos
bastidores, PSDB e PT selaram
acordo tácito para frear o ritmo
das investigações.
"O arrefecimento foi claro.
Toda a pressa que havia para a
apuração não existe mais", disse Júlio Delgado (PSB-MG),
que falou ser contra o adiamento. "Houve um entendimento
entre o PT e o PSDB para não
realizarem a reunião", avaliou o
presidente da CPI, deputado
Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), que também foi contra.
Os três depoentes chegaram
a ir à CPI, inutilmente. Jorge
Lorenzetti, ex-coordenador do
setor de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, é apontado pela Polícia Federal como o coordenador da
trama para adquirir, por R$ 1,7
milhão, documentos contra governador eleito de São Paulo
José Serra (PSDB).
Gedimar Passos, que trabalhava sob as ordens de Lorenzetti, e Valdebran Padilha, que
negociava o dossiê em nome da
família Vedoin, foram presos
no dia 15 de setembro. "Ia manter o que disse à PF", afirmou
Valdebran. À PF ele afirmou
que não tinha conhecimento
sobre a origem do dinheiro.
Logo pela manhã, o senador
Sérgio Guerra (PSDB-PE), que
coordenou a campanha de Geraldo Alckmin, ligou para integrantes da CPI para pedir o
adiamento. Outros da oposição
trabalharam no mesmo sentido
e encontraram um PT pronto a
aceitar o acordo.
Passada a eleição, a oposição
não tem mais a urgência de fustigar o governo com o caso. E
não tem nenhum interesse que
a investigação avance para a suposta participação do PSDB no
esquema. Ela se daria, supostamente, na atuação do empresário Abel Pereira para facilitar a
liberação de verbas do Ministério da Saúde, para o esquema,
na gestão do tucano Barjas Negri, que sucedeu Serra no posto.
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