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Governo apresenta "pacote" para PSDB aprovar a CPMF
Proposta, de 9 itens, inclui isenção para salários de até R$ 1.642; acima, haveria dedução
Executivo deve repassar os detalhes das medidas até terça, para que os tucanos se decidam sobre emenda que prorroga a contribuição
Lula Marques/Folha Imagem
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Antonio Palocci entre pilhas de abaixo-assinado contra a CPMF |
VALDO CRUZ
IURI DANTAS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da recusa dos tucanos
em aceitar um corte de apenas
0,01 ponto percentual na alíquota da CPMF, o governo Lula
fez ontem nova proposta de nove pontos ao PSDB que pode
custar, entre corte de impostos
e aumento de verbas para a saúde, de R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões no próximo ano.
Para substituir a redução da
alíquota do imposto do cheque,
o governo propôs isentar de
CPMF quem ganha até
R$ 1.642. Para faixas salariais
acima desse valor, seria permitida uma dedução parcial do recolhimento da CPMF no Imposto de Renda.
O formato dessas duas medidas está em análise. No caso da
isenção para quem ganha até
R$ 1.642, deve vir por meio da
redução do que o trabalhador
paga de INSS. Hoje, há isenção
para quem recebe até R$ 1.140.
A estimativa é que isenção e
dedução da CPMF custem R$ 2
bilhões em 2008. Só a isenção é
estimada em R$ 500 milhões.
O pacote ofertado ontem traz
também medidas para as empresas. Antecipação de 24 para
18 meses do pagamento de crédito de PIS/Cofins de exportadoras e redução dos prazos de
depreciação de bens de capital
em novos investimentos.
O governo propôs também a
desoneração da folha de pagamento, que viria da redução do
que elas recolhem para o Sistema S. Isso ainda terá de ser negociado com as entidades empresariais, beneficiadas por essas contribuições, que rendem
R$ 13 bilhões por ano. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo,
Paulo Skaf, não quis comentar
a idéia. "Isso não é para ser discutido agora, o assunto do momento é acabar com a CPMF."
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
comemorou as negociações.
"Avançamos muito", disse,
após a reunião com tucanos e o
ministro Guido Mantega (Fazenda). O governo ficou de repassar ao PSDB o detalhamento do pacote e o custo final na
terça, para que o partido tome
uma decisão oficial. "Não temos números, não temos decisão. Achamos que o caminho,
dependendo dos números, é de
uma proposta honesta", disse o
presidente do PSDB, senador
Tasso Jereissati (CE).
A troca do corte da alíquota
da CPMF pelo abatimento no
IR foi bem recebida pelos tucanos. "É uma boa proposta, já
que vai beneficiar quem está na
formalidade. Se apenas reduzisse a alíquota", disse Tasso.
O pacote incluiu ainda as medidas defendidas pelo PSDB
para tentar limitar os gastos do
setor público: 1) inclusão da
União na regulamentação da
Lei de Responsabilidade Fiscal,
com fixação de limites de endividamento para o governo federal e 2) projeto limitando a
correção da folha de pagamento da União pela variação do IPCA, mais reajuste real de 2,5%.
A proposta do governo para
prorrogar a CPMF até 2011
contém também a fórmula para
aumentar o repasse de verbas
da saúde pela emenda 29, aprovada ontem na Câmara. A novidade é que, em 2008, além dos
R$ 4 bilhões do PAC da Saúde,
Mantega autorizou mais R$ 1,2
bilhão por conta de reajuste nas
tabelas de pagamento do Sistema Único de Saúde.
O governo acredita que terá o
apoio de ao menos oito senadores do PSDB, o que seria suficiente para superar o mínimo
de 49 votos necessários para
aprovar a emenda da CPMF.
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