São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

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Fisco vê descompasso em IR de ex-ministro

Subtraindo rendimentos de gastos em 2005, Silas Rondeau teria R$ 1.000 mensais de renda diante de patrimônio de R$ 1,3 milhão

Peemedebista deixou o ministério após ter nome envolvido em esquema de fraude investigado pela PF; ele afirma ser inocente

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A análise das declarações de Imposto de Renda do ex-ministro das Minas e Energia Silas Rondeau, 54, revela que ele tem um patrimônio de R$ 1,3 milhão e que, em 2005, pelas deduções oficialmente informadas ao fisco, lhe sobraram cerca de R$ 1.000 mensais para custear todas as suas despesas.
Trata-se de uma conta rápida feita pelos técnicos da Receita, segundo a Folha apurou: do total de rendimentos obtidos ao longo do ano analisado, subtraíram o valor das despesas declaradas, entre as quais gastos com educação, saúde, financiamento de bens e outros.
A situação fiscal de Rondeau está sob análise da Receita desde que ele passou a ser investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público sob a suspeita de envolvimento em um esquema de fraude a licitações públicas comandado pelo empreiteiro Zuleido Veras, dono da empreiteira Gautama.
O caso se tornou público em 17 de maio, quando a PF prendeu 47 pessoas na Operação Navalha. Entre os presos está Ivo de Almeida Costa, então assessor especial de Rondeau no ministério. Ambos deixaram o órgão por conta da Navalha.
Como o ex-ministro, seu ex-assessor é alvo de análise técnica da Receita. Suas declarações ao fisco registram um patrimônio de R$ 1,2 milhão e também algum descompasso entre renda declarada e despesas. Em 2005, feita a conta de entradas e saídas, o saldo é negativo.
A PF investiga a suspeita de que Rondeau teria recebido, com a participação de Costa, pagamento de R$ 100 mil em meio ao esquema da Gautama. Seria o retorno pela aprovação de aditivos de R$ 182,37 milhões em um contrato da Eletrobrás firmado em 28 de abril de 2006 com a Cepisa, estatal do setor elétrico no Piauí.
Segundo a investigação, o suposto pagamento teria sido feito sete dias depois, quando uma funcionária da Gautama esteve nas Minas e Energia.
O inquérito relacionado à Navalha tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça) porque, entre os investigados, está o governador do Maranhão, Jackson Lago, que tem foro especial. Ele é suspeito de integrar o esquema de Zuleido.
Rondeau, que não quer dar entrevista, tem dito a interlocutores ter convicção de que voltará à pasta. Crê estar fora do rol de executivos, empresários e servidores que devem ser denunciados à Justiça pela prática de crimes. Ele conta, assim, resgatar a promessa de Lula de que, se passar ao largo da denúncia, retomará o cargo deixado em maio.
Advogado de Rondeau, José Gerardo Grossi não respondeu a recado deixado pela reportagem em seu escritório. Em nome de Costa, o advogado Marcelo Leal disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.


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