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PRIVATIZAÇÃO
Acordo conclui federalização do banco, iniciada em 1997
São Paulo vende Banespa
à União por R$ 1,96 bilhão
SILVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
O governo federal fechou ontem o acordo com o governo paulista para comprar 33% do capital
social do Banespa por R$ 1,96 bilhão. A operação completa o processo de federalização do banco
iniciado em dezembro de 97 como parte da negociação da dívida
do Estado com a União.
O R$ 1,96 bilhão serviu para quitar a parcela da dívida de São Paulo com o governo federal que deveria ter sido paga em novembro
de 1998. Segundo o secretário do
Tesouro Nacional, Fábio Barbosa,
os valores da dívida e da compra
das ações do banco "são praticamente os mesmos".
Para fechar o acordo, o capital
social total do banco foi avaliado
em R$ 5,95 bilhões. O cálculo já leva em conta a multa contra o banco que a Receita Federal aplicou
neste ano, de R$ 2,8 bilhões.
Pelo acordo assinado ontem,
São Paulo recebeu 33% dos R$
5,95 bilhões, percentual equivalente à participação estadual na
instituição financeira.
Privatização
O governo federal pretende privatizar o Banespa no primeiro semestre do ano que vem. Se o valor
de privatização do banco for menor que o estipulado agora, a
União sairá perdendo, porque
São Paulo não terá de devolver o
que recebeu.
"A avaliação escolhida foi a
mais confortável para o Tesouro",
informou Barbosa.
Logo após a autuação da Receita, o diretor do banco Fator -instituição escolhida pelo governo
federal para fazer uma das avaliações do Banespa- , Venilton Tadini disse que o valor patrimonial
da instituição havia caído para R$
3,7 bilhões.
O valor patrimonial é diferente
do valor de venda. "Pode ser
maior ou menor", disse à Folha.
O Tesouro também levou em
conta na fixação do preço de venda do Banespa uma avaliação feita
pela consultoria Buzz Allen, a pedido do governo de São Paulo.
Barbosa disse que o valor da dívida de São Paulo é um pouco menor que o valor da compra do
banco.
Segundo ele, o valor excedente a
que São Paulo terá direito não será utilizado para abater o estoque
da dívida do Estado, de R$ 60 bilhões. "Será pago ao Estado", afirmou.
Apesar de explicar que a autuação da Receita teria de ser levada
em conta no preço porque foi feita "com base na legislação vigente", Barbosa afirmou que a direção do Banespa tem autonomia
para decidir se continuará recorrendo contra o pagamento, como
vem fazendo agora. "É uma decisão de gestão", disse.
O governador de São Paulo,
Mário Covas (PSDB), afirmou
que São Paulo receberá o equivalente a 33% dos R$ 2,8 bilhões caso a multa aplicada pela Receita
venha a ser anulada. O percentual
corresponde à participação do Estado no banco.
Segundo o Tesouro Nacional, o
preço definido ontem é definitivo.
Início
Antes da operação de ontem, a
União já detinha 50,1% das ações
do banco, por causa da federalização que aconteceu em 1997. Na
época, porém, o governo pagou
um valor provisório pelas ações,
de apenas R$ 343 milhões. Na
época, ficou definido que o Estado receberia a diferença entre os
R$ 343 milhões e o valor obtido na
privatização do banco.
Agora, além de pagar o valor de
venda por estas ações, o governo
está comprando outros 16% de
ações ordinárias que ainda estavam com o governo de São Paulo.
O secretário disse que o controle
de 66% das ações do banco nas
mãos de um único investidor
-no caso, o governo- "agrega
valor à privatização".
Segundo ele, em vários países a
legislação exige mais que a maioria absoluta para que o investidor
tenha o controle de uma instituição financeira.
Barbosa disse ainda que a indefinição sobre o controle do banco
poderia atrasar mais o processo
de privatização porque o Programa Nacional de Desestatização
tem regras diferentes das previstas na legislação estadual.
Colaborou Cláudia Trevisan,
da Reportagem Local
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