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CONGRESSO
Presidente do Senado afirma que não há governabilidade se o Poder Executivo depende do recurso
ACM rebate FHC e critica excesso de MPs
RAQUEL ULHÔA
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
"Quando a governabilidade de
um país se assenta sobre medidas
provisórias, essa governabilidade
não está existindo. Não dá para
haver governabilidade por meio
de MP". Essa foi a reação do senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA) às críticas de FHC feitas
anteontem no Rio.
Na opinião do presidente, os limites impostos pelo Congresso à
edição de medidas provisórias
criam dificuldades para governar.
"O Congresso é o órgão legislador e não pode ter sua função
usurpada", rebateu ontem ACM.
O senador baiano atribuiu à "falta
de prática e de cultura democrática" o excesso de MPs editadas pelo governo.
ACM citou os casos de medidas
provisórias sendo sucessivamente reeditadas há seis ou sete anos,
sendo transformadas, na prática,
em permanentes, sem passar pelo
crivo do Congresso.
"O vício do cachimbo põe a boca torta. Os governantes, de 88
(ano da promulgação da Constituição, que criou o instrumento
da MP) para cá, acham que dá para legislar por medida provisória.
Aí, eu discordo do presidente Fernando Henrique", afirmou ontem ACM.
Emenda do Senado, cujo relator
foi o senador José Fogaça
(PMDB-RS), determina que as
medidas provisórias perderão a
eficácia se não forem convertidas
em lei no prazo de 120 dias. Se isso
acontecer, o Congresso terá de
disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
Um líder partidário aliado ao
governo, que pediu para não declarar o seu nome, afirmou que a
declaração de FHC é como se a
governabilidade dependesse de
medidas provisórias como os governos militares usavam os decretos-lei, abolidos com a Constituição.
O líder do PT na Câmara, José
Genoino (SP), afirmou que o presidente prestaria melhor serviço à
nação se "desse rumo" ao seu governo em vez de ficar criticando o
Congresso.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), divulgou nota oficial em resposta às críticas de
FHC sobre a reforma tributária.
Depois, em entrevista, Temer
afirmou: "O presidente manda recados contraditórios. Em alguns
momentos, elogia o Congresso e,
em outros, critica. Prefiro ficar
com os momentos de elogio".
Na nota, Temer pede "ponderação e equilíbrio" e reafirma que o
projeto de reforma tributária está
há cinco anos na Câmara -FHC
criticou a pressa do Congresso em
aprovar a reforma tributária e a
intenção de fixar na Constituição
"coisa que é da lei ordinária".
Michel Temer afirmou na nota
que o início da aprovação da reforma tributária se deu na comissão especial, etapa anterior à votação pelo plenário, o que ainda
possibilita negociações e modificações no texto.
O presidente da Câmara afirmou que a reforma tributária deverá ser "a possível". "Busquemos
a representação da média do pensamento nacional. Devemos discuti-la. Adiá-la não", conclui a
nota.
A parlamentares, Temer lembrou que o próprio presidente cobrava publicamente a votação da
reforma tributária em solenidades públicas na sua presença, mas
agora critica sua aprovação na comissão.
Porta-voz
O porta-voz da Presidência,
Georges Lamazière, afirmou ontem que FHC não iria comentar
as declarações dos líderes e presidentes da Câmara e Senado.
Fernando Henrique Cardoso,
disse, "exprimiu um medo", de
que as novas regras paralisem o
trabalho do Legislativo. "Cabe ao
Congresso discutir isso", disse Lamazière.
Colaborou Augusto Gazir,
da Sucursal de Brasília
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