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Na África, Lula festeja acordo com PMDB
Presidente declara que acerto com a sigla é bom, mas não significa que ele tenha tido problemas de governabilidade no 1º mandato
Na visita à Nigéria, petista diz que "Bush acabou de
perder a maioria na Câmara e no Senado e não vai deixar
de governar por causa disso"
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A ABUJA (NIGÉRIA)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o
acordo com o PMDB é importante porque não vai mais ter
de "ficar discutindo cargos".
Lula ressaltou, no entanto, que
não teve nenhum problema de
governabilidade no primeiro
mandato.
"Primeiro, não tive problemas de governabilidade no primeiro mandato. Com a aprovação do Fundeb [fundo para a
educação básica] e da Lei Geral
da Micro e Pequena Empresa,
aprovei tudo o que mandei para
o Congresso Nacional, tudo o
que era relevante", disse Lula
durante entrevista em Abuja,
antes de retornar ao Brasil.
Em quatro anos de mandato,
o governo Lula se deparou com
o escândalo do mensalão e com
a máfia dos sanguessugas, por
exemplo. A oposição chegou
até a cogitar pedir seu impeachment. Seus ministros
mais próximos tiveram de deixar o governo e o Congresso ficou paralisado por meses a fio
por causa de CPIs.
Apesar da comemoração do
petista, o Fundeb ainda está em
tramitação no Congresso, à espera de nova votação para só
então ir à sanção presidencial.
O presidente assumiu, indiretamente, que teve de negociar cargos em troca de apoio
durante seu primeiro mandato.
"É importante esse gesto do
PMDB e espero que seja um
gesto de todos os partidos que
compunham a base do governo,
para que a gente possa, ao invés
de ficar discutindo cargos, discutir políticas públicas", afirmou. "E agora que não tem eleições por perto, vai ficar muito
mais fácil a gente fazer isso."
Lula chegou a citar o presidente dos EUA, George Bush,
como exemplo de que uma
maioria no Legislativo é importante, mas não fundamental.
"O Bush acabou de perder a
maioria na Câmara e no Senado
e não vai deixar de governar por
causa disso."
Ao receber a notícia da decisão do PMDB pelo coordenador político do governo, ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), Lula teria dito
"que essa é uma grande notícia". Agora, o presidente Lula
irá convidar o PMDB para "para aprofundar a discussão programática e a formação do conselho político", disse Tarso.
Tornozelo recuperado
Lula só se movimentou de
cadeira de rodas no segundo e
último dia de sua sexta viagem
à África. Com o tornozelo menos inchado e já de sapato, ao
contrário do dia anterior, o presidente brincou que na segunda-feira deve estar pronto até
para jogar futebol.
"Foi uma torção que nem eu
sei como foi. Penso que, se eu
não andar amanhã, sábado e
domingo, na segunda-feira já
posso até bater uma bolinha",
disse Lula, pouco antes de embarcar de volta ao Brasil.
O presidente passou dois dias
em Abuja, capital da Nigéria,
para o primeiro encontro de
cúpula África-América do Sul,
idealizado por ele e pelo presidente do país anfitrião, Olusegun Obasanjo. Lula considerou
a reunião "histórica".
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