São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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3.500 sem-terra invadem porto para pressionar Incra

Agricultores pedem a desapropriação de cerca de 22 mil hectares de terra em Alagoas

Segundo administrador do porto, a multa diária por atraso no carregamento de navios é de US$ 15 mil, o equivalente a R$ 32,5 mil


SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Cerca de 3.500 sem-terra invadiram na manhã de ontem o porto de Maceió (AL) e suspenderam as operações de embarque e desembarque de carga.
Aproximadamente 50 caminhões carregados de açúcar e álcool ficaram parados na orla da capital alagoana aguardando negociações com os sem-terra.
Dentro do porto, que pertence à União, há um terminal da Transpetro, responsável pela distribuição de óleo diesel e gasolina para o Estado, que também ficou parado.
A invasão foi organizada por lideranças do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) e do MTL (Movimento Terra Trabalho e Liberdade).
Eles pressionavam o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a agilizar a desapropriação de cerca de 22 mil hectares que pertencem à extinta usina Agrisa, localizados nos municípios de Joaquim Gomes e Flexeiras, na zona da mata alagoana.
"Já fizemos várias mobilizações e nada foi resolvido em relação à desapropriação da Agrisa. Decidimos ficar no porto, que é importante para a União, para pressionar o governo federal", disse Marco Antônio da Silva, da coordenação estadual do MLST. Os agricultores anunciaram que só deixariam o porto depois de obterem o compromisso do Incra de que seriam ajuizadas na Justiça as ações para que sejam criados os assentamentos rurais.
A confirmação da presidência do Incra de que as ações serão ajuizadas nos próximos dias chegou no final de tarde e os sem-terra concordaram em desocupar o local.
Os movimentos temiam que, com o final do governo, em dezembro próximo, os recursos já alocados para a desapropriação voltassem para o Tesouro caso não fossem utilizados. O depósito do dinheiro é feito junto com a imissão de posse.
O administrador do porto, Domício Silva, disse que não houve depredações. Mas, segundo ele, a multa diária por atraso no carregamento de navios chega a US$ 15 mil (equivalente a R$ 32,5 mil).


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