São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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Chávez põe região em risco, diz Sarney

Em conferência em Nova York, senador do PMDB afirma que Venezuela vive retrocesso político

Para ex-presidente, "corrida armamentista" pode colocar em risco a paz da América do Sul, "o continente mais pacífico da face da Terra"

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Em discurso na manhã de ontem na 7ª Conferência Anual da América Latina, no Conselho das Américas, em Nova York, o senador José Sarney (PMDB-AP) disse que a Venezuela vive "um retrocesso" político e que a compra de armas pelo país pode criar uma "corrida armamentista" que colocaria em risco a paz da América do Sul, "o continente mais pacífico da face da Terra".
Sarney, que tem feito críticas contundentes a Chávez e já defendeu o veto ao ingresso da Venezuela no Mercosul, disse que na América do Sul há "aqueles países que estão procurando seguir a economia de mercado, consolidação da democracia (...) e aqueles que estão marchando para o populismo com uma visão de regresso". Na platéia havia diplomatas, acadêmicos e jornalistas, dos EUA e de outros países.
Questionado sobre artigo escrito para a Folha, em que citava uma disputa territorial entre a Guiana e a Venezuela (a região guiana de Essequibo é reivindicada há décadas por Caracas), disse: "Quando vejo o Chávez com esses armamentos todos, fico meio desconfiado. Espero que não seja bom profeta. Se há uma zona em reclamação, com seu temperamento (...) é uma sedução para um militar (...) que essa área seja incorporada à Venezuela."
Chávez também foi alvo de Sarney durante outros compromissos na cidade. Em almoço fechado para executivos e empresários, na quarta-feira, ele já havia citado a pendência com a Guiana. Em coquetel no mesmo dia, na casa do cônsul José Alfredo Graça Lima, disse que "a Venezuela não está se armando para invadir o Brasil nem os Estados Unidos. Por que não a Guiana?".
O ex-presidente defendeu, contudo, o presidente Lula que declarou há algumas semanas que há "excesso de democracia" na Venezuela. "O presidente falou o que tinha que dizer", afirmou, evitando estender o assunto. Para Sarney, seu apoio ao regime militar no Brasil não o descredita para criticar Chávez. "Eu sempre quis a democracia...", afirmou ele, que antes, no púlpito, dissera que "as democracias (latino-americanas), para resistir à invasão das idéias socialistas, recorreram aos militares".
O também ex-presidente Alejandro Toledo (Peru, 2001-2006) citou em discurso "o populismo de alguns países da América Latina". " Tenho muito respeito pela esquerda para dizer que o populismo que está emergindo [na América Latina] é da esquerda. A esquerda com a qual me identifico é a de Lula. É a de [Michele] Bachelet [presidente do Chile]." O encontro teve ainda discurso do senador Joseph Crowley, de Nova York, e dois debates.


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