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Chávez põe região em risco, diz Sarney
Em conferência em Nova York, senador do PMDB afirma que Venezuela vive retrocesso político
Para ex-presidente, "corrida armamentista" pode colocar em risco a paz da América
do Sul, "o continente mais pacífico da face da Terra"
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Em discurso na manhã de
ontem na 7ª Conferência Anual
da América Latina, no Conselho das Américas, em Nova
York, o senador José Sarney
(PMDB-AP) disse que a Venezuela vive "um retrocesso" político e que a compra de armas
pelo país pode criar uma "corrida armamentista" que colocaria em risco a paz da América
do Sul, "o continente mais pacífico da face da Terra".
Sarney, que tem feito críticas
contundentes a Chávez e já defendeu o veto ao ingresso da
Venezuela no Mercosul, disse
que na América do Sul há
"aqueles países que estão procurando seguir a economia de
mercado, consolidação da democracia (...) e aqueles que estão marchando para o populismo com uma visão de regresso". Na platéia havia diplomatas, acadêmicos e jornalistas,
dos EUA e de outros países.
Questionado sobre artigo escrito para a Folha, em que citava uma disputa territorial entre a Guiana e a Venezuela (a
região guiana de Essequibo é
reivindicada há décadas por
Caracas), disse: "Quando vejo o
Chávez com esses armamentos
todos, fico meio desconfiado.
Espero que não seja bom profeta. Se há uma zona em reclamação, com seu temperamento
(...) é uma sedução para um militar (...) que essa área seja incorporada à Venezuela."
Chávez também foi alvo de
Sarney durante outros compromissos na cidade. Em almoço fechado para executivos e
empresários, na quarta-feira,
ele já havia citado a pendência
com a Guiana. Em coquetel no
mesmo dia, na casa do cônsul
José Alfredo Graça Lima, disse
que "a Venezuela não está se
armando para invadir o Brasil
nem os Estados Unidos. Por
que não a Guiana?".
O ex-presidente defendeu,
contudo, o presidente Lula que
declarou há algumas semanas
que há "excesso de democracia" na Venezuela. "O presidente falou o que tinha que dizer", afirmou, evitando estender o assunto. Para Sarney, seu
apoio ao regime militar no Brasil não o descredita para criticar Chávez. "Eu sempre quis a
democracia...", afirmou ele, que
antes, no púlpito, dissera que
"as democracias (latino-americanas), para resistir à invasão
das idéias socialistas, recorreram aos militares".
O também ex-presidente
Alejandro Toledo (Peru, 2001-2006) citou em discurso "o populismo de alguns países da
América Latina". " Tenho muito respeito pela esquerda para
dizer que o populismo que está
emergindo [na América Latina] é da esquerda. A esquerda
com a qual me identifico é a de
Lula. É a de [Michele] Bachelet
[presidente do Chile]." O encontro teve ainda discurso do
senador Joseph Crowley, de
Nova York, e dois debates.
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